terça-feira, 30 de dezembro de 2008

80% dos israelitas concordam com a operação de chacina



Será isto o resultado de mera manipulação da opinião pública, ou aceitação de facto da legitimidade de acabar por qualquer meio necessário com o “lado contrário”? O que nos diz esta aceitação alargada da chacina sobre a nossa própria condição de espectadores quase sempre não actuantes, não interventivos, do que se passa no mundo?

É um facto pacífico que doses mais ou menos elevadas de manipulação da opinião pública são levadas a cabo na defesa de interesses particulares alheios à pessoa comum. Em altura de guerra isso é, inclusive, assumido publicamente. Mas essa manipulação está longe de ser hegemónica. A diversidade de informação a que a internet, por exemplo, permite aceder é sinal disso mesmo. O que será hegemónica é a aceitação da ideologia militarista e terrorista, ou a complacência perante ela, o que tem raízes mais profundas que a mera desinformação prestada pelos meios de comunicação social e pelos governos.

Os 80% por cento de apoiantes israelitas do massacre de civis - e todos os outros por esse mundo fora com as diversas direitas à cabeça - não são simplórios facilmente manipuláveis, vítimas dos lóbis, da fabricação forçada do consenso, controlados por títeres invisíveis. Esta infantilização dos indivíduos e das opções por eles tomadas não é aceitável e prejudica a luta contra a própria manipulação. Não é apenas o governo e o exército (qualquer governo e qualquer exército) que levam a cabo estas acções, são também todos aqueles que os apoiam e lhes dão força.

Fotos de Guardian

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

POR UM GOVERNO POPULAR


Hoje, a “luta” política na democracia burguesa, trava-se nos gabinetes mofentos dos palacetes fim de século, em salões onde a burguesia de antanho organizava festas carregadas de álcool e ópio que desembocavam quase sempre em fartas orgias ou, mais grave, são as “ordens” de todo o tipo (religiosas, mafiosas, maçónicas, etc.) que tendo no seu seio a maioria da classe política actual, são estes que “delineiam” a agenda política que traçam as orientações e que definem os parâmetros a seguir. No fundo são meia dúzia de “iluminados” que com a “legitimidade” do voto, fazem o que bem entendem sempre nas costas do Povo, este só é chamado quando estes senhores o entendem e quais cordeirinhos amansados lá vão legitimar os mesmos, sempre os mesmos, depois, mais quatro anos a penar a sofrer, para voltar tudo ao mesmo.

A burguesia que apoia este status-quo não quer mudanças profundas no sistema, não lhes convém, estão bem assim, vão fazendo umas cócegas ao poder instituído, umas palavras por vezes duras mas circunstanciais, mas no fundo comem todos da mesma gamela, a gamela do Povo, na minha, na tua, na de todos nós.

Políticos e economistas, de todas as áreas, já nos vêm alertando que o ano que aí vem é de vacas magras (onde é que já ouvi isto) que a crise veio para ficar, (como o Toyota, passe a publicidade) que o cinto dos mais “desfavorecidos” vai ficar mais apertado, ao contrário, o dos mais favorecidos pode alargar um pouco. Dizem eles que têm de ser dadas mais benesses (leia-se dinheiro) ao patronato, (mais uns carritos topo de gama vão sair das linhas de montagem) a banca tem de ser financiada pois os seus donos são uns desgraçados pedintes e não têm culpa de serem ladrões, ou melhor de saberem olhar pela vidinha, dizem também que o país não necessita de investir no Povo mas sim em alcatrão e obras de fachada, onde, depois de concluídas, para além de nada servirem ainda lhes colocam uma placa com o nome do eunuco que a vai inaugurar. Enfim, é um fartar vadilagem, que o povo é sereno e não chateia e de tão parvo que é ainda legitima esta gente com o voto.

NÃO, eu digo NÃO

Não quero o meu país governado por esta gente, quero sim, o meu país, governado pelo meu Povo, este sim, são os únicos que têm legitimidade, eu quero fazer parte dos destinos do meu país, eu quero decidir, não quero que ninguém o faça em meu nome. Para isso, só o Poder Popular Revolucionário o poderá fazer, só com mudanças profundas na sociedade e nas mentalidades será possível. Por isso a minha luta (a nossa luta) será dura e longa, mas, unidos na vontade, unidos na esperança, unidos na coragem, havemos de conseguir.

Publicado também em O Libertário

sábado, 27 de dezembro de 2008

PS anti-democrático e autoritário


Apesar de pretender transmitir para o público uma imagem coesa, o Partido Socialista é composto por múltiplas sensibilidades políticas, a mais evidente das quais é a posição de Manuel Alegre, em diversas ocasiões e de forma muito notória. No entanto, a diversidade de opiniões não se esgota nesta figura histórica. Tornou-se recentemente público que vários dirigentes da esquerda do PS, entre os quais Vera Jardim, Paulo Pedro, Ana Gomes e Maria de Belém Roseira, gostariam de ver assumida por José Sócrates, no próximo congresso do partido, a garantia de que, se for governo após as legislativas de 2009, o PS adoptará medidas fiscais que favoreçam as pessoas mais afectadas pela crise.

De acordo com informações recolhidas pelo jornal Público, este grupo de dirigentes do PS, que foram todos apoiantes de Manuel Alegre em 2004 e que estão unidos por laços comuns de pensamento quanto ao papel do PS, que fortaleceram entre si durante a direcção de Ferro Rodrigues, querem que o PS dê um sinal claro de que é um partido de esquerda, que governa à esquerda e que é também um partido moderno. Mas como é isto possível?

O cunho autoritário que o partido do governo tem assumido sob a liderança de José Sócrates dificulta que se tornem públicas posições contrárias à actual governação, mesmo no interior do próprio PS. Neste caso, o excesso de auto-censura imposta pelos actuais dirigentes do partido do poder transforma-se no veneno que vai corroendo a própria maioria absoluta de que são confortavelmente detentores. Sem que existam sinais de abertura a novas correntes de pensamento, novas alternativas, o PS fechar-se-á cada vez mais sobre si próprio, pagando também essa factura perante o eleitorado. Reforçando a sua atitude autoritária e anti-democrática no nosso regime político.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

CAPITALISMO = EXPLORAÇÃO


Independente do período de capitalismo a que nos refiramos, há um factor comum: a exploração. Essa exploração do homem pelo homem provém do capitalismo, cujo principal pilar é a propriedade privada dos meios de produção.

O processo de exploração pela propriedade privada acontece da seguinte forma: o proprietário detém os meios de produção e, por diversos formas, entre elas a contratação de trabalhadores que recebem salários, apropria-se de parte do seu trabalho, pois não lhes paga os frutos completos daquilo que produzem. Este excedente do trabalho alheio apropriado pelo proprietário é conhecido como mais-valia.

Proudhon enfatizava que a um indivíduo, o máximo que lhe pode ser pago pelo trabalho, é aquilo que ele mesmo pode produzir. Enfatizava, em O Que é a Propriedade de 1840, que “se o direito de ganho pudesse sujeitar-se às leis da razão e da justiça, ficaria reduzido a uma indemnização ou reconhecimento cujo máximo não ultrapassaria jamais, para um único trabalhador, certa fracção do que ele é capaz de produzir”. Ou seja, a um indivíduo, o máximo que lhe poderia ser pago, seria o total daquilo que ele produziu.

Este constituiria a base de seu raciocínio sobre a exploração por meio da propriedade privada. Ao empregar um número de trabalhadores, por exemplo, a tendência do patrão será sempre a de lhes pagar o menor salário possível e receber a maior quantia possível de dinheiro pelo seu trabalho. Ou seja, ter o mínimo custo e o maior lucro.

Nos dias de hoje o sistema foi adaptado. O mínimo a ser pago, é o mínimo aceite pelo “mercado” e como há muitos trabalhadores em situações gravíssimas de desemprego, sub-emprego, precaridade, etc., muito provavelmente, sempre haverá alguém disposto a receber menos pelo trabalho realizado. E se valor pago pelo proprietário não puder pagar as despesas do custo de vida do trabalhador? Ele que se desenrasque para conseguir outras fontes de rendimento ou reduza ainda mais o seu nível de vida.

Ao apropriar-se de uma parte do trabalho realizado pelos seus trabalhadores, o patrão - ou o detentor da propriedade privada - aparece, para Proudhon, como um usurpador, um ladrão. Isto porque o que é justo, na sua concepção, é que cada um receba os frutos completos de seu trabalho e, a partir do momento que, por ser o detentor da propriedade, o patrão lhes paga o mínimo possível, com o objectivo de acumular o máximo possível, apropriando-se de parte do valor do seu trabalho, o proprietário constitui-se num ladrão. Por tal Proudhon afirmou que a propiedade é um roubo. E porquê? Porque a propriedade privada dos meios de produção fornecerá ao proprietário uma forma injusta de enriquecer. A propriedade oferecerá ao proprietário o enriquecimento injusto pelo arrendamento, pelos juros recebidos, e também pela apropriação da mais valia de seus trabalhadores assalariados.

E a ganância do proprietário não tem limites, na maioria dos casos. O proprietário não se contenta com o ganho tal como o bom senso e a natureza das coisas lhe asseguram: quer ser pago dez, cem, mil, um milhão de vezes. E para atingir este objetivo, o proprietário não medirá esforços, o que levará Proudhon a concluir do porquê da propriedade ser impossível, dizendo: “…a propriedade, após despojar o trabalhador, assassina-o lentamente pelo esgotamento; ora, sem a espoliação e o assassinato a propriedade não é nada; com a espoliação e o assassinato ela logo perece, desamparada: logo, é impossível”.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Aplausos Para o Arrebenta

Tomei a liberdade de transcrever o post do Arrebenta:


"Hoje é um dia com alguns factos notáveis. Eu sei que as figuras são velhas e recauchutadas, mas pertencem a um tempo em que não nos queriam tornar a todos em "Yes Men/Women". Falo, pois, de Mário Soares, que desancou esta m**** toda, e de Santana Lopes, que vem para a Vingança do Ceguinho. São "benvindos", aliás, tudo o que desestabilize a situação é bem-vindo. Não falo das pseudo-crises de Nobre Guedes, que, em vez de andar a fingir que faz "oposição" a Portas e a sabotar-lhe o pouco espaço de manobra de uma voz forte, se devia era casar com ele. Nobre Guedes é um cobarde e um inapto, que grimpou pelos poleiros todos, empurrando sempre para a linha da frente o Portas, esse, sim, de oração brilhante, e que se esteve zenitalmente nas tintas, para tudo o que andaram a fazer, quando lhe enxolhavaram a muito conhecida vida privada, vivida em lugares públicos. Borrifou, continuou, e andou, é daquilo que gosta, pois está no seu direito, não anda a enganar Sofias, nem a emprenhar de 4 filhos, que o número 3, na bichanagem, é perigoso. Já agora um beijo para a Teresa, mulher de coragem, que o apanhou no restaurante (a "Nosferata"), e, à medida que ele avançava pelo restaurante afora, com a prole atrás, ela só repetia "paneleiro", em tom crescente, até que o outro -- uma senhora -- por ela passou, sem mexer um músculo. Hábitos: faziam-lhe o mesmo com o Estádio do "Belenenses" todo cheio, e nem por isso deixou de casar e... procriar: um ferreira-leitista de gema.
Adiante.
Outro merecidíssimo louvor vai para José Maria Martins, que, no Processo "Casa Pia", quando já toda a gente percebeu que os verdadeiros culpados nunca serão condenados, nem sequer o seu nome veio indiciado, a não ser nos círculos do rumores, ou dos iniciados, no qual, infelizmente, me incluo, pediu, para Carlos Silvino, uma pena simbólica, que não o penalize mais do que o já foi, por um Estado que não tem vergonha na cara e uma população indigna, que preferiu multiplicar anedotas de bibis, em vez de se debruçar sobre as graves raízes do problema.
Esta é uma das chaves: somos um povo cobarde, vil e vingativo, e recheado de inclinações pedófilas.
Sobre o Bibi caiu toda a porcaria que o Português típico, o mesmo que, nas obras, assobia às mamas das miúdas de 13 anos e lhes diz "comia-te toda", ou, nas oficinas de automóveis, enfia, nos ânus dos novatos, tubos de pressão de ar dos pneus, ou, nas brincadeiras em família gostam de estrear as bocas e os rabinhos dos familiares desfavorecidos ou deficientes, quando não dos próprios filhos.
O Povo Português não presta: foi exímio em desmultiplicar-se em chalaças reles sobre os "Bibis", mas incapaz de inventar anedotas sobre os "Senhores Doutores", e, quando chegava ao patamar dos senhores doutores, defendiam-nos, com unhas e dentes, porque os senhores doutores, para a mente medíocre, tacanha e agachada do porcalhão de rua português, por definição, não pode ter os mesmos comportamentos desbragados dele, senão ele não era o homem da rua, e o doutor... doutor.
Com esta gente não há nada a fazer. Para os eleitos, ou seja, para os que, em Portugal, sofrem de lucidez, de razão e de ponderação, isto é um permanente suplício, sentir que o bode-expiatório é que é importante, não a expiação, ou qualquer apuramento da verdade. Na realidade, qualquer faz-de-conta chega, desde que não chateie muito.
Do ponto de vista meramente humano, Carlos Silvino, ao ser entregue à memória reles da populaça, já cumpriu a sua pena, não por que não tenha tido culpas, mas porque o cenário onde tudo se desenrolou é de tal modo sinistro, deplorável e inacreditável que, por mero apelo aos direitos humanos, não podemos pedir que alguém, mais frágil, sofra, por toda a prepotência, o poder formidável da máquinia intimidatória e mentirosa, a desinformação da ocultação, o compadrio do salvem-se-os-poderosos, e a verdadeira ocultação da difusa maré dos grandes culpados.
Do "Casa Pia" ficará, entre os diferenciados, a prova provada de que não vivemos num Estado de Direito; no Senso Comum, a de uma história muitíssimo, e propositadamente, mal contada; na plebe, na ralé e na massa bruta deste povo da Cauda da Europa, o prazer sádico de punir, para sempre, alguém, num anedotário de taberna, assim empurrando para o catártico o que era do puro foro de uma Justiça... inexistente.
Para vocês, que agora me estão a ler, uma elite das informáticas, da intelectualidade, da Comunicação Social, da Academia, do Bom Tom e do Bom Gosto, apenas um pequeno esforço: colocai-vos na pele do "Bibi", ensarilhado na ratoeira de, pela primeira vez, e depois, por todas as outras, receber, do outro lado da linha, chamadas de vozes muito nossas conhecidas da Política, da Comunicação Social, da Diplomacia, dos Órgãos decisórios do Estado, da Economia, das Finanças, das Artes e do Espectáculo, do Futebol, e de tudo o que queiram imaginar... sim, ponham-se no lugar de um homem do Povo, filho de um orfanato, onde todos sabemos, naquela ideia difusa e arquetípica, que "estas coisas" das violações dos mais novos pelos mais velhos são estruturantes, constituintes e, atrever-me-ia... heráldicas, um homem destes, simples, indiferenciado, e, ele próprio, apanhado pela maré, a ser crescentemente interpelado, e assediado, pelas figuras e vozes mais importantes de um País.
A resposta, inevitável, é velha de tradição e séculos: teria de ser, pois, um... "sim, senhor doutor..."
Numa lei pragmática e impiedosa, chamar-se-ia a isto "proxenetismo" e cumplicidade em condenáveis e inenarráveis -- eu também quereria esquecer isto tudo, mas nunca poderei... -- actos, que nunca conheceremos. Num palco totalmente minado e corrupto, como é a Sociedade Portuguesa do Final da III República, dominada por Seitas e Sociedades Secretas do pior cariz, ao pé das quais a Chicago do Anos 20 era uma brincadeira de crianças, um "não, senhor doutor..." poderia ter custado, como custou, a Carlos Silvino, o direito de redenção e de readmissão numa Sociedade de Cidadãos. Cortar-lhe-iam, como agora querem voltar a cortar, deixando-o sozinho, a humilde cabeça.
Chega desta porcaria: se Portugal se revelou indigno de proteger os seus órfãos, e usou casas, de acolhimento, como talhos para os apetites dos novos Tibérios e Gilles de Rais da lusofonia, e utilizava os elos mais fracos para servirem de correios e de fornecedores, de cada vez que os caprichos de Suas Excelências por aí passavam, poupemos os elos fracos, já que falhámos a tarefa histórica de sentar os Poderosos nos bancos dos réus.
Somos um país de infelizes e cobardes, onde o Supremo Magistrado da Nação se compraz com o fascínio das suas mulheres dominadoras, as Leonores Belezas, as Ferreiras Leites e as Lurdes Rodrigues, e que só me faz lembrar alguém que precisaria de Madame de Sade, e, já que falamos de Madame de Sade, cubra-se também de vergonha, Senhor Primeiro-Ministro, você, e a sua Sexualidade Urânica, mais do que conhecida na nossa comunidade homossexual: se Carlos Silvino ficou ligado a tudo o que são sórdidas anedotas, você ficará, para sempre, como o Político que varreu, para debaixo do tapete, e com o carimbo da impunidade, toda a sordidez do Casa Pia.
Acautele-se: pior do que todos os seus quotidianos actos ridículos, a sua passagem, bem como a da Maioria que o apoiou, corresponderam, no meu dever, enquanto escritor e intelectual, de o redigir, a um dos períodos mais baixos e vergonhosos de toda a nossa História de Povo Livre e Independente."
"Shame on you", Sr. Sócrates!...
(Duo vexado, no "Arrebenta-Sol" e em "The Braganza Mothers")
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Aqui está a coragem de falar e defender a pouca democracia que existe em Portugal. Obrigado Dr. José Maria Martins, obrigado Arrebenta.

Um abraço

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O NOSSO TEMPO




Vivemos tempos difíceis, tempos de grandes desigualdades. Aos poucos perdemos todos os dias o nosso sonho de felicidade, igualdade e, porque não, também de fraternidade. Vivemos num país com uma história cheia de feitos e glórias, com uma democracia ainda criança, onde andamos todos à procura do sentido da palavra democracia.

Nunca pensei que os ideais de Abril desenbocassem neste lodaçal em que nos encontramos. Somos portugueses vaidosos, presunçosos, atrasados, desorganizados, corruptos, invejosos, mas também somos capazes, empreendedores, honestos, lutadores, solidários e trabalhadores.

Existe, no entanto, um déficite de cidadania que é muito oportuno para que nos tem governado ao longo destes anos. Poderia aqui apresentar uma série de exemplos do nosso “atraso” como cidadãos, mas deixo para outra oportunidade. Aquilo que quero dizer é que não se pode chegar a consensos quando ainda se vive em ignorância. Vivemos tempos de ricos imensamente ricos e pobres cada vez mais envergonhados. Vivemos tempos em Portugal em que ainda é mais importante ter um automóvel, ter um filho doutor, ou roupas de marca XPTO. Vivemos ainda muito de aparências, triste sina a nossa!

Depois há a “corte”, onde vivem os “escolhidos” de apelidos mediáticos, que são os mesmos há anos e anos, usufruindo de ganhos fabulosos, e onde as Kikis e as Kákas casam com grandes empresários que gerem as empresas explorando os trabalhadores, pondo os seus enormes lucros em paraísos fiscais, renunciando assim à sua contribuição para o progresso do país. Neste triste e consentido regabofe também lucram a maior parte dos governantes e políticos.

Tenho esperança que os meus concidadãos se comecem a interessar pelo seu país, organizando-se na troca de ideias, objectivos, vontades e trajectos, de forma a alterar o rumo perdido que temos vindo a seguir. Eu, por mim, acredito que a esperança é sempre a última a morrer e, como tal, continuo a lutar. Que cada um lute à sua maneira, mas lute!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

PACOTES, SAPATOS E FÓRUNS...



Entre pacotes retardados de medidas azedas para combater a crise económica nacional, sapatos voadores de despedida ao maior ditador dos tempos presentes, propostas de alternativas políticas de esquerda concentradas em fórum, e a eleição de um presidente de um partido com assento parlamentar com a extraordinária votação de sensivelmente 6000 votos (!) , ou seja mais ou menos a afluência média domingueira de qualquer feira dos subúrbios de Lisboa, assim se passou mais um chuvoso fim de semana de Dezembro.

Não é que seja avesso a sapatos, embora aprecie mais ténis, o mesmo com os pacotes, sendo que neste caso a minha preferência recai mais no Camilo Alves do que na Mimosa, mas a minha prelecção de hoje incide tendencialmente no Fórum Democracia e serviços públicos, realizado no Domigo, e que reuniu aderentes de vários quadrantes políticos da esquerda. Quanto ao tal campeão de vendas, de votos digo, a esse sou mesmo avesso.

Apraz-me aqui referir que considero muito positiva a realização deste fórum em que se discutiu livre, abertamente e sem sobreposições os problemas graves que o nosso país atravessa e a necessidade de uma convergência, possível quanto a mim, à esquerda de forma a constituir-se uma alternativa credível e viável a esta contínua alternância de desgovernos podres, corruptos e altamente prejudiciais às mais elementares regras de desenvolvimento e progresso social.

Como sabemos, e quanto a isto não valerá a pena qualquer tentativa de escamoteação, qualquer partido da dita esquerda não conseguirá ser governo em Portugal sem se coligar com um outro partido do centro, neste caso o PS - não creio que a coligação com partidos da direita seja possível por cá por óbvia renúncia de qualquer das partes, embora noutros países da Europa tal aconteça -, sendo que a única possibilidade real e efectiva de se criar uma verdadeira alternativa que ponha termo a anos consecutivos de políticas erróneas e retrógradas e altere o rumo vigente será a coligação de várias forças, que embora tradicionalmente e, diga-se mesmo, de uma forma bacoca continuam cegamente ligadas a “ismos” com mais de cem anos, fazendo as delícias do centro e centro-direita e, consequentemente de uma maneira mais ou menos indirecta prejudicando os interesses reais dos trabalhadores portugueses.

Julgo que se queremos avançar e pensar verdadeiramente nos mais necessitados, desfavorecidos e oprimidos e alterar o trajecto de inversão de conquistas sociais que árduamente foram conseguidas em batalhas duras ao longo dos tempos e que agora são desbaratadas do pé para a mão, é já tempo de dizer basta, de convergir em vez de divergir, de colocar em primeiro lugar o essencial em detrimento do acessório, a responsabilidade em vez da mesquinhez, as pessoas em vez dos protagonismos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

PORTUGAL LIBERTÁRIO

O ano de 2009 aproxima-se e com ele três actos eleitorais, a feira de vaidades costumeira começa a preparar o baile. Sei que ainda é cedo para se falar em eleições, mas que querem, não acham que a “campanha” eleitoral já começou?
A burguesia reinante já prepara terreno, já identificou os seus alvos, as oficinas de estamparia e afins não vão ter crise, os chinocas esfregam as mãos de contentes, t’shirts, bonés, porta-chaves e quejandos não vão faltar.
As máquinas partidárias, longe da crise que (devia) tocar a todos, preparam-se para gastar o que têm e não têm, o estado (todos nós) sempre amigo nestas ocasiões dá uma preciosa ajuda, banqueiros, especuladores, bandidos e mafiosos, idem. O dinheiro (o nosso dinheiro) que devia servir para causas mais nobres, esfuma-se que nem nevoeiro em Agosto, e para quê?
Se no final do ano (eleições) o liberalismo de cariz fascisoide por lá vai continuar, governantes e deputados serão os mesmos ou outros travestidos destes, o paleio vai ser igual, os figurões de agora serão as figurinhas futuras, o grandes capital continuará a manobrar os políticos, os ricos continuarão mais ricos, os reformados estarão piores, os desempregados idem, a precariedade continuará e por aí fora.
Que fazer?
Teremos de consciencializar o Povo de que esta gente não nos serve, não vamos nunca conseguir alterar o que quer que seja pelo voto, a partidite vigente quer é festas e comezanas, a mudança está na insurreição popular, na luta do Povo na rua, nas greves, nos levantamentos populares, organizarmo-nos em comunas e a partir daí, só o Povo com a sua acção e voz, terá soberania para conquistar a verdadeira sociedade socialista e libertária.
Ver também em "O Libertário"

Turismo a encarar de forma consistente

É vulgar ouvir-se dizer que o futuro de Portugal depende do turismo. Mas a sorte não cai no prato sem ser cozinhada. O artigo a seguir transcrito evidencia que se trata de uma actividade económica que exige pensamento profundo, coerente, lógico e abrangente de actividades convergentes e interactivas.

O Dubai, perante as perspectivas do fim do petróleo como «ouro negro»,teve uma ideia inteligente, a de estruturar a sobrevivência do País com recurso a outras fontes de divisas e concluiu que o turismo e as novas tecnologias (informática) bem poderiam ser a chave do futuro.

Mas lá, tal como tinha acontecido no Algarve, cometeram o erro de pensar que o turismo se esgota no «bronzeamento dos presuntos» e construíram abundantes instalações hoteleiras perto da areia das praias.

Também não basta criar campos de golf nos terrenos que sobram nos estreitos intervalos da densa rede de auto-estradas. Em Portugal há muita riqueza para atrair estrangeiros que, além do bronze, procurem aumentar a cultura e os conhecimentos na ânsia de manter o cérebro activo e adiar a chegada do Alzheimer. Desde os marcos históricos da antiguidade, mais ou menos remota, como os castelos e fortalezas ao longo da fronteira, as Linhas de Torres, Aljubarrota, Montes Claros, Buçaco, Almeida, às antigas aldeias de Monsanto, Sortelha, Tibaldinho, etc., há o património museológico industrial e agrícola, e as indústrias tradicionais como a louça de barro preta, em que se destacam Molelos, na encosta Leste do Caramulo, Bizalhães na encosta leste do Marão e Ribolhos no concelho de Castro Daire.

Da louça de barro preta, as três referidas são diferentes entre si e os entendidos não têm dificuldade em as identificar. Por exemplo a de Molelos é tão perfeita que chega a ser confundida com lindas peças de estanho, minério muito abundante na zona.

Isto serve para dizer que apostar no turismo não é para amadores, mas para pessoas com grande capacidade de definir a globalidade do problema para dele ser tirado o máximo proveito em todos os aspectos. Por exemplo: que proveito Portugal tem tirado das pegadas de dinossauro em Belas que ocasionou um acréscimo de quase três milhões de contos na construção da CREL, ou da Pedreira do Galinha em Mira Daire comprada pelo Estado por quase um milhão de contos, ou das gravuras de Foz Côa que fizeram parar a barragem onde já tinham sido investidos mais de 20 milhões de contos, e que impediu reduzir a dependência do petróleo tão nocivo para a atmosfera e o efeito de estufa.

Precisamos de bons políticos e de elites pensadoras prestigiadas que sejam ouvidas antes de serem tomadas decisões de fundo.

Eis o artigo referido:


CRÓNICA DE O 'EXPERT' IGNORANTE
Ferreira Fernandes

Quando os americanos aboliram a polícia e o exército iraquianos, lamentei não me terem contratado para conselheiro. Ter-lhes-ia dito: eh pá, matem os generais mas passem a mão pelo pêlo a uns coronéis. Nenhum país, sobretudo invadido, pode prescindir de oficiais locais (e de exército e de polícia). Mas ninguém me quis ouvir. Agora, foi com o Dubai. Ao princípio também fiquei impressionado com aquelas ilhas em forma de palmeira gabadas pelo Beckham e pelo Figo, aquele prédio mais alto do mundo, aquelas construções desenfreadas e propostas para que os turistas as comprassem. Um dia, fui lá. Dar um passo fora da porta era ficar com os óculos embaciados pela fornalha exterior. E porquê sair quando a cidade era cimento armado sem um só velho bairro árabe para visitar? Por essa altura, as melhores revistas mundiais tinham páginas sobre o El Dorado dos investidores imobiliários. Mas quem poderia querer uma casa num lugar impossível de viver, quanto mais fazer turismo? Esta semana, eis a capa da Newsweek: "Dubai, acabou a festa!" O mundo está perigoso quando eu, nulidade em defesa e em economia, sei mais que os senhores do mundo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Movimento libertário de massas


Num movimento único pela sua dimensão e significado, pelo sexto dia consecutivo, a Grécia foi hoje palco de novos confrontos, no rescaldo da morte de um adolescente de 15 anos pela polícia, no sábado passado. Em Atenas ocorreram confrontos entre jovens e agentes da autoridade, frente à Faculdade de Economia, ocupada pelos estudantes. Para além dos confrontos ocorridos frente à Faculdade, registaram-se igualmente alguns incidentes diante da prisão de Korydallos, em Atenas, a principal do país, e em outros dois bairros da capital grega. Para mais pormenores, sugiro que leiam esta notícia, publicada no Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt.

Como se não bastasse, a agitação grega espalhou-se entretanto até Espanha – a Madrid e a Barcelona – e um atacante lançou um engenho incendiário, ontem à noite, contra o consulado grego em Moscovo. Em Bordéus, no sudoeste de França, dois carros foram incendiados diante do consulado da Grécia. De acordo com uma fonte policial, 15 estabelecimentos universitários e uma centena de liceus em Atenas e Salónica, a segunda maior cidade grega, estão ocupados desde o início da semana por estudantes e jovens, em sinal de protesto contra a morte do adolescente. A Grécia está, desta forma, mergulhada numa onda de violência urbana sem precedentes desde a restauração da democracia, em 1974.

Não há autoridade ou forma de poder que consiga travar uma onda tão violenta e vasta como esta, utilizando os seus meios tradicionais. Um movimento tão espontâneo como este mergulha definitivamente as suas raízes num descontentamento generalizado das massas populares face ao sistema estabelecido. O porquê e o quando este movimento teve o seu início não é tão importante quanto o seu significado perante a forma de funcionamento das democracias ocidentais. Encurralados em sistemas partidários rígidos, os regimes parlamentares encontram-se de costas voltadas às verdadeiras necessidades do povo que deveriam representar. Um movimento libertário de massas de tal amplitude mina, em última análise, a forma como os actuais regimes democráticos neoliberais estão organizados. Elitistas e corruptos.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

RESOLUÇÃO APROVADA NO ENCONTRO NACIONAL DE ESCOLAS EM LUTA (LEIRIA, 6/12)

Intervenção da CDEP no Encontro Nacional de Escolas de Leiria (6/Dez)

ASSINE e DIVULGUE A RESOLUÇÃO (Online)


Professores de 60 escolas, reunidos em Leiria a 6 de Dezembro, aprovaram uma moção com um Apelo aos dirigentes da CGTP e da UGT para que assumam a defesa do professores e da Escola Pública, organizando "a mobilização solidária de todos os sectores da população trabalhadora portuguesa, incluindo se necessário a greve geral nacional".

Esta moção (ver anexo) foi colocada como abaixo-assinado na Internet, por iniciativa da Comissão de Defesa da Escola Pública (CDEP).

Depois das extraordinárias manifestações e da greve dos professores, temos agora uma nova etapa: como pode continuar a mobilização deste sector, por reivindicações tão legítimas como imperiosas, não deixando baixar o elevado patamar a que chegou?

O Apelo considera que a saída para esta situação está nas mãos dos dirigentes das centrais sindicais.

De facto, além da defesa imperiosa da Escola Pública pertencer a todos os trabalhadores, notemos que as medidas de avaliação contidas no novo Estatuto que os professores e educadores não aceitam não são mais do que a aplicação neste sector do SIADAP da Função Pública (Sistema Integrado de Avaliação Da Administração Pública) que os outros funcionários públicos também rejeitam. Notemos ainda que, a partir de próximo mês de Janeiro, todos os funcionários públicos serão abrangidos pela nova Lei dos vínculos e carreiras, que retira o vínculo ao Estado a quase toda a Função Pública. Serão uma excepção, apenas os lugares de topo dos sectores da Defesa, Segurança, Justiça e Diplomacia.

Então, não será de unir todos os trabalhadores destes sectores, para defender os seus vínculos e os serviços públicos? Não será de unir todos os funcionários públicos com os trabalhadores do sector privado, para defender a contratação colectiva e o horário de trabalho, profundamente atacados no novo Código laboral?

É neste sentido que fazemos um apelo à divulgação e subscrição do Apelo aos dirigentes da CGTP e da UGT, o qual pode ser acedido através do link:


Todos em defesa dos professores e da Escola Pública.

Pel'A CDEP

Carmelinda Pereira

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O CHEIRO E O ESTERCO CONTINUAM IGUAIS



Regressado que sou destas mini-férias com sabor a muito pouco, constato que a realidade que deixei foi a mesma que voltei a encontrar. Ou seja, os CTT continuam a não entregar as cartas a tempo e horas, motivando os constantes contratempos a quem preza cumprir as sua obrigações dentro de prazo; o regabofe bancário/financeiro permanece, agora alargado a outros artistas de um tal BPP; a mesma seita de sempre continua a banquetear-se à custa dos desgraçados; a paranóia consumista da época está em grande rotação aliviando a “crise” das instituições de crédito através de mais uns incautos endividados.

A excepção, pela positiva, é mesmo a subida do Glorioso ao 1º lugar do campeonato, depois de uma cabazada histórica e digna dos pergaminhos do maior clube do mundo.

Pela negativa, a excepção é que uns tantos atrofiados mentais que por aí pululavam em avançado estado de transmutância para o mentecaptismo agudo, trocaram as voltas contradizendo todas as teorias científicas desenvolvidas na era pós-Darwin, e avançaram rapidamente para um estádio evolutivo invertido, ou seja, de vegetal para mineral fossilizado, deixando assim de ter controle próprio e, por conseguinte, de ter vida. Resumindo, reduziram-se ao seu papel de simples estudo arqueológico das gerações vindouras.

Aos meninos que gostam de brincar aos tiranos, usurpando a vontade popular em nome de protagonismo e afirmação, que provavelmente nunca conseguirão, pois já estão mortos à nascença, aqui se afirma que estão bem identificados, tal como os seus antecedentes no vídeo de baixo, e que a sua dismistificação será perpétua até que se extingam de vez da face da terra. A bem dos Povos!

Portugal é o maior

Portugal é o maior esbanjador dos dinheiros públicos, daquilo que nos obriga a pagar em impostos. A notícia do jornal de negócios de hoje é elucidativa.

Víctor Constâncio ganha 250 mil euros por ano;
O seu equivalente americano apenas ganha 140 mil euros por ano.

Isso equivale a
Victor Constâncio ganha 18 vezes o rendimento nacional ´per capita’:
O seu equivalente americano apenas ganha 4,2 vezes o rendimento 'per capita' dos EUA.

Constâncio está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo
Rui Peres Jorge, rpjorge@mediafin.pt

Nunca, como no último ano, a opinião pública ouviu falar tanto dos governadores dos bancos centrais. Até há um ano, para a maioria das pessoas estes banqueiros existiam apenas como os gestores dos juros. Mas a actual crise veio colocá-los no centro da política económica, devido às suas competências de supervisão e de assistência a instituições em dificuldades. A importância que assumiram volta a colocar a questão: quanto vale um governador?

Para o Ministério das Finanças português, o cargo ocupado por Vítor Constâncio vale uma remuneração anual de perto de 250 mil euros por ano, cerca de 18 vezes o rendimento nacional 'per capita'. Já para a Administração norte-americana, o lugar ocupado por Ben Bernanke justifica apenas 140 mil euros anuais, ou seja, 4,2 vezes o rendimento 'per capita' dos EUA.

NOTA de AJS: Já há quase um ano circulou por e-mail um artigo extenso e pormenorizado que comparava sob vários aspectos Victor Constâncio e o seu equivalente, na época, dos EUA. A notícia de hoje, embora curta, é elucidativa da exploração dos contribuintes portugueses.
Outra notícia de hoje, do DN diz que Gestores de topo ganham 441 salários mínimos. Segundo ela, um estudo do Hay Group analisa ganhos nas 50 maiores empresas e conclui que, na economia capitalista, a chamada cultura do mérito conduz a situações como a dos rendimentos dos presidentes executivos das 50 maiores empresas europeias equivalerem a 441 salários mínimos da Zona Euro. Isto significa que um trabalhador com o salário mínimo precisaria de trabalhar 441 anos (!!!) para receber tanto como um desses gestores recebe em apenas um ano!!!

O capitalismo está assim, ele próprio, a confirmar as teses de Karl Marx (1818-1883), filósofo, economista, mas igualmente sociólogo, que, ao tornar-se o teórico de um socialismo que anuncia como científico, se interessou pelo processo de desenvolvimento capitalista e tentou revelar as suas contradições internas, insistindo particularmente nas oposições de classe, segundo ele, inelutáveis no seio da sociedade capitalista.

Realmente o mérito só é pago principescamente aos que detêm as rédeas do poder nas empresas e instituições, mesmo que usem de corrupção e actividades ilegais, como temos sabido acontecer em muitas empresas financeiras. Os trabalhadores num grau hierárquico afastado do topo podem ter muito mérito, muita dedicação, muita competência, muita produtividade, que nunca cheirarão prémios equivalentes. Mesmo que fabriquem uma peça que, se tiver um defeito mínimo, estraga toda a produção da fábrica!

Algo está mal na sociedade ocidental e que tem alastrado para os países em vias de industrialização. Talvez esta crise global abra os olhos aos explorados e os leve a influenciar a moralização e a equidade do sistema.

POSI, número especial (200)


Visitem o portal do POSI, orgão da IV INternacional em Espanha

Se desejarem manter-se informados podem inscrever-se para receber as cartas do POSI aqui

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Pensar antes de decidir

O pensamento estruturado, metódico, deve preceder a decisão e a acção. Já por várias vezes foi aqui referida a necessidade de estudo dos problemas antes de ser tomada uma decisão. Por exemplo, o post de 6 de Janeiro do corrente ano, Não existe mentalidade de planeamento nos serviços públicos abordava este problema e, posteriormente, num comentário, ficou exposta uma metodologia que, adaptada a cada situação, pode dar uma forte ajuda e que é a seguinte:

Em termos resumidos, as normas de preparação da decisão e deplaneamento devem passar por

1) definir com clareza e de forma que ninguém tenha dúvidas, o objectivo ou resultado pretendido.

2) Em seguida, descrever com rigor o ponto de partida, isto é, a situação vigente, com análise de todos os factores que possam influenciar o problema que se pretende resolver.

3) Depois, esboçar todas as possíveis formas ou soluções de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve se preterida nenhuma, por menos adequada que pareça.

4) A seguir, pega-se nas modalidades, uma por uma e fazem-se reagir com os factores referidos em 2) e verificam-se as vantagens e inconvenientes; é um trabalho de previsão de como as coisas iriam passar-se se essa fosse a modalidade escolhida.

5) Depois desta análise das modalidades, uma por uma, faz-se a comparação entre elas, das suas vantagens e inconvenientes, com vista a tornar possível a escolha.

6) O responsável pela equipa, o chefe do serviço, da instituição, o ministro, o primeiro-ministro, conforme o nível em que tudo isto se passa, toma a sua decisão, isto é, escolhe a modalidade a pôr em execução, tendo em conta aquilo que ficou exposto na alínea anterior.

7)Depois de tomada a decisão, há que organizar os recursos necessários à acção, elaborar o planeamento e programar as tarefas.

8)Após iniciada a acção é indispensável o controlo eficaz do qual pode resultar a necessidade de ajustamentos, para cuja decisão deve ser utilizada a metodologia aqui definida, por forma a não se perder a directriz que conduz à finalidade inicialmente pretendida.

As várias insistências neste tema, são agora «premiadas» pela notícia do Jornal de Notícias Daniel Bessa: Governo deve "parar para pensar" de que se extraem algumas ideias:

O Governo deve dirigir o grosso dos investimentos para as exportações, em prejuízo das grandes obras públicas que vêm sendo anunciadas.

O país importa muito mais do que exporta e a diferença equivale a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o que o obriga a sobre-endividar-se no estrangeiro, para pagar aquela factura. Há 17 mil milhões de euros, por ano, que "saem mesmo da Banca portuguesa" e vão direitos aos bancos estrangeiros.

No actual contexto de recessão internacional, que parece resolvido o défice de confiança dos cidadãos nos bancos, mas não o da confiança entre bancos, sobretudo, de países diferentes. "Os [movimentos] interbancários continuam em muito mau estado".

A garantia de 20 mil milhões que o Governo deu à banca nacional foi uma boa medida, para esta conseguir dinheiro emprestado no estrangeiro, mas frisou que ela não dura para sempre e, em breve, "teremos de ouvir mais notícias do Estado português"...

Considerou ser "tempo de olhar para as debilidades estruturais", e defendeu que a economia portuguesa só ultrapassará a crise, se conseguir diminuir o défice das transacções correntes. "Precisamos, como de pão para a boca, de pôr dinheiro em coisas que exportem".

"O nó górdio desta crise continua no sistema financeiro". O antigo ministro começara justamente por observar que a actual crise "é diferente das outras", porque "deixou a própria banca em condições de não se poder financiar", para concluir que, "se o dinheiro não circular no sistema financeiro, a crise não se resolve".

NOTA: Estamos numa situação difícil que não se compadece com pequenos remendos, nem paliativos. É preciso um estudo imparcial, isento, competente, sem preconceitos partidários, com dedicação aos verdadeiros interesses nacionais, com vista a encontrar a solução estrutural que vá ao encontro de um Portugal que seja melhor amanhã e que possa continuar a desenvolver-se no futuro.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

O Alternativas no jornal Público

Este nosso blogue colectivo - Alternativas - mereceu um destaque na edição impressa do jornal Público, na sua edição de hoje, dia 5 de Dezembro de 2008. Na rubrica "Blogues em Papel", do caderno P2, é citado o nosso post de ontem, relativo à greve dos professores. Muito nos honra este destaque que é feito ao nosso blogue, fruto também do esforço que todos os nossos autores têm feito no sentido de apresentar textos de qualidade e que apontem caminhos alternativos à actual globalização neoliberal. Estamos todos de parabéns!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Uma greve histórica


Como seria de esperar neste tipo de conflito de interesses, a greve dos professores de ontem foi alvo de posições diferentes quanto aos números de adesão. O Ministério da Educação admitiu que a greve teve o que designou por "adesão significativa", de 61 por cento, e que a paralisação obrigou ao encerramento de 30 por cento das escolas do país. No entanto, o balanço do Ministério ficou longe dos números da Plataforma Sindical de Professores, segundo a qual a paralisação foi a maior de sempre no sector, com uma adesão de 94 por cento. Para mais pormenores sugiro a leitura desta notícia, que publicámos no Contracorrente, extraída do jornal Publico.pt.

A Plataforma Sindical dos Professores anunciou, em conferência de imprensa, que esta greve teve o que designou como uma participação "histórica". "É a maior greve de sempre dos professores em Portugal, salientou Mário Nogueira, porta-voz da Plataforma e secretário-geral da Fenprof, que recordou a paralisação de 1989 como a segunda maior depois desta e onde os números se ficaram pelos 90 por cento. Mário Nogueira escusou-se a comentar os números avançados pelo governo. "Nem sequer os discutimos, o que nós registamos daquilo que foi dito pelo governo foi que pela primeira vez teve a capacidade de dizer que estávamos perante uma greve significativa".

Pondo de lado esta típica guerra de números, na qual o governo aposta em minimizar a magnitude deste movimento laboral, a conclusão que podemos tirar desta greve dos professores é que se criou um fosso entre a atitude arrogante do poder e a luta de todo um vasto conjunto de profissionais que exigem peremptoriamente o respeito pelos seus direitos. A alternativa a este, como a todos os modelos autoritários de poder, encontra-se nos movimentos contestatários que percorrem horizontalmente a sociedade. Esta teria sido a ocasião para um governo democrático reconhecer que errou e agir em conformidade com esse facto. No entanto, o governo PS continua agarrado à sua confortável maioria absoluta, permitindo-se ignorar, desta forma, as vozes do povo que o elegeu.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Reunião da CDEP 2/DEZ, 16h30, Biblioteca Municipal de Algés - CONVITE

Olá cara(o) colega,

O Secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, afirmou hoje que o problema dos sindicatos não era a burocracia do processo de avaliação docente, mas outras exigências fora da avaliação, nomeadamente a diferenciação dos professores (com a figura do professor titular e as quotas) – uma questão que diz respeito a toda a Função Pública e não apenas aos professores.

Sim, o mandato a que estão vinculados todos os dirigentes da Plataforma sindical dos professores, aquele que assumiram perante 120 mil professores e educadores, a 8 de Novembro, é uma Resolução na qual está o compromisso de abandono pela Plataforma sindical da Comissão Paritária da Avaliação Docente, a exigência da suspensão imediata do processo de avaliação, e a negociação de um novo modelo de avaliação no qual esteja contemplado o fim do professor titular e da prova de ingresso na carreira, uma correcta regulamentação da aposentação e, também, o restabelecimento da gestão democrática das escolas.

Perante a intransigência do Governo, a Plataforma sindical acordou um calendário de lutas – nas quais está contido um dia de greve geral para a semana (a 3 de Dezembro) – e a FENPROF reivindica a demissão da ministra.

A Comissão que nós integramos tem como lema «agir para ajudar à realização da unidade dos professores e de todos os outros trabalhadores do ensino, com as suas organizações, condição para que possam ser dados passos na via da defesa da Escola Pública».

Até agora, a CDEP tem estado centrada na defesa da exigência de revogação do ECD e de que a Plataforma sindical faça a denúncia formal do "Memorando de Entendimento" com o ME, retirando dele a sua assinatura.

O que é que é, actualmente, necessário defender para ajudar o movimento de unidade a realizar os seus objectivos, e o que poderá a CDEP assumir neste processo?

Para responder a esta questão, propomos a realização de uma reunião na próxima terça-feira, dia 2 de Dezembro, pelas 16 horas e 30, numa sala da Biblioteca municipal de Algés (Palácio Ribamar).

Nesta reunião deveremos tratar os seguintes pontos:

1) Como continuar a acção para a unidade em relação às direcções sindicais

2) Que posição tem a CDEP, no encontro da "Escolas em Luta", a realizar no próximo dia 6 de Dezembro, em Leiria.

3) Organização do boletim da CDEP

4) A proposta de alguns colegas de uma nova carta aos deputados da AR

Chamamos a vossa atenção para os elementos que temos colocado no blogue da CDEP (http://escolapublica2.blogspot.com), em particular o texto sobre o primeiro ciclo, que propomos publicar no novo boletim.

Saudações fraternas

Pel'A CDEP

Carmelinda Pereira

Como Nascem os Políticos

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Supervisão financeira deve ser eficaz

É da natureza humana a acomodação a rotinas, o curto olhar para o próprio umbigo, a ausência de auto-crítica e o excesso de auto-estima, principalmente quando se trata de pessoas instaladas no Poder e quando esse poder tem a maioria absoluta, geradora de autoritarismo, arrogância e teimosia do «quero, posso e mando». Nestas circunstâncias, impõe-se uma oposição esclarecida, válida, corajosa, para apontar os erros a reparar, e as soluções possíveis para evitar a sua repetição. Diz o ditado que é mais fácil ver um cisco no olho do vizinho do que um argueiro no próprio.

Goste-se ou não do estilo de Francisco Louçã, discorde-se ou não de que lhe falta serenidade e gravata para ser primeiro-ministro, o certo é que está a desempenhar com muito vigor e patriotismo o seu actual papel de oposição. Na notícia que se transcreve, vê-se que trata com muito realismo e objectividade o problema do sistema financeiro, da sua investigação, inspecção, controlo e acompanhamento e da forma simplista como o Governo se serve do dinheiro dos nossos impostos para salvar empresas privadas suprindo erros dos administradores e saltando por cima da responsabilidade dos accionistas, donos dessas empresas. O argumento tem sido que isso defende interesses dos clientes dos bancos, o que é uma falácia pois esses clientes têm sido lesados permanentemente pela ganância dos bancos que lhes impingem teimosamente soluções e facilidades que só os prejudicam mas que aumentam os lucros dos banqueiros. À frente dos banqueiros, os governos devem colocar os reais interesses dos cidadãos mais desprotegidos e que são explorados pelo capitalismo selvagem que beneficia de todos os apoios.

As críticas mais eficazes e construtivas dum sistema não vêm de dentro, mas de fora, como este caso nos mostra. Vejamos o texto.

BE propõe inquérito ao «lixo tóxico» de todos os bancos
domingo, 30 de Novembro de 2008

O Bloco de Esquerda (BE) propôs hoje a realização de um inquérito ao «lixo tóxico» de todos os bancos para determinar quanto valem as operações financeiras das instituições.

«Para definitivamente acabar com a delapidação de fundos públicos, para proteger um efeito de dominó de prejuízos atrás de prejuízos, o BE quer propor que o Governo, através do Banco de Portugal, faça um inventário do lixo tóxico nos fundos de pensões, nos fundos de investimento e nos balanços dos bancos», disse o líder do BE.

Francisco Louçã falava numa conferência de imprensa, em Lisboa, durante a qual apresentou algumas propostas de novas regras de supervisão bancária.

O inquérito proposto pelo BE destina-se a avaliar «quanto valem as operações financeiras de todos os bancos, de tal modo que sejam obrigados a corrigir os seus balanços, se necessário, em função do valor real daquilo que têm e se necessário aumentar o capital em 2009», disse.

«Se o inventário não for feito agora ele vai-nos entrar pela porta do cavalo, porque vai haver um banco atrás de outro que vai ter problemas e que vai pedir socorro ao Estado. E que em vez de actuar por via dos seus accionistas que são responsáveis pelo seu capital, vão pedir dinheiro ao Governo», afirmou o líder do BE.

«Vamos ter um Ministério das Finanças na lufa-lufa de salvar bancos atrás de bancos, sem nunca fazer perguntas. Quem especulou, quem perdeu, porque é que perdeu, onde perdeu e não é responsável pelo que perdeu? Nunca se fazem as perguntas e nunca se pedem responsabilidades a não ser ao contribuinte», acusou Francisco Louçã.

Sobre o aval financeiro pedido ao Estado pelo Banco Privado Português (BPP), que apresentou como garantias activos no valor de 500 milhões de euros, o BE propôs também a venda destas garantias.

«Das duas uma, ou essas acções e esses activos valem mesmo os 500 milhões de euros que o banco diz e servem para pagar as suas dívidas, provocadas pela sua acção, ou não valem nada e o Estado não pode aceitar uma garantia que não vale nada», declarou Louçã.

«Em última análise serão sempre os contribuintes a pagar com os seus impostos esta vertigem de operações financeiras sem nenhum sentido e pelos quais os banqueiros não são responsabilizados», acrescentou.

O líder do BE anunciou ainda a apresentação de um projecto de lei, na próxima semana, para responder à delinquência económica e financeira.

O projecto de lei «determinará a proibição de créditos a sociedades cujos donos são incógnitos ou anónimos, em offshore, determinará a obrigatoriedade do registo de operações de transferência de capital de Portugal para paraísos fiscais, determinará a tributação dos movimentos especulativos de curto prazo e agravará a pena a todos os banqueiros e administradores que contribuam para o branqueamento de capitais», anunciou.

Diário Digital / Lusa

sábado, 29 de novembro de 2008

CONTRA A FOSSA NÃO HÁ ARGUMENTOS



Ao que parece, e segundo dados oficiais do Eurostat, Portugal tem neste momento a 5ª taxa de desemprego mais alta de toda a Europa Comunitária, atingindo já os 7,8%, sendo que a tendência será a de continuar a crescer até pelo menos atingir os 8,8% em 2010. Pelo andar da carruagem não haverá 150.000 empregos que nos salvem tão depressa, nem mesmo trabalho precário que consiga o milagre de impedir a linha ascendente de continuar a sua trajectória.

Quanto aos indicadores de confiança dos consumidores portugueses estão a pique e a atingir mínimos históricos, com a actividade económica e o consumo privado a piorar e o atífice das Finanças Teixeira dos Santos a anunciar uma revisão em baixa do crescimento da economia portuguesa em 2008, de 2,2% para 1,5%. Aliás, revisões em baixa são coisa a que este governo já nos habituou, um pouco como a tradição de regatear preços nos países árabes, mas aqui aplicada aos indicadores económicos.

Para os mais influenciáveis por estratégias natalícias convém referir que o total das dívidas contraídas pelas famílias portuguesas representa em média dois anos de salários, a taxa de poupança continua a descer, enquanto o rácio de incumprimento do crédito a particulares sobe, atingindo o valor mais elevado da última década.

É claro que a crise internacional terá certamente o seu impacto na economia nacional, isto apesar dos fazedores de marketing governamental o negarem e o próprio artífice-mor afirmar que “a nossa economia resiste e continuará a resisitir”, no entanto, é inegável que a “obra” é na sua grande parte da autoria da confraria governativa em exercício, bem como das antecedentes.

Para 2009 as previsões apontam para a continuidade da degradação económica e social, que afectará sobretudo as famílias mais carenciadas e os agregados mais jovens, como não podia deixar de ser. A consequência lógica será a do alargamento da fossa (fosso já era…) que separa os mais ricos dos mais pobres e que eu, como marreta que sou, tenho curiosidade em constatar quanto tempo demorará para atingir o tamanho da congénere fossa das Marianas.

E sendo assim, que seja o mais rápido possível de forma a que não tarde o inevitável “terramoto” que faça desabar as estruturas podres desta sociedade caduca.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quem? O quê? Como? Para quê?

Nau sem bússola, nem leme, nem timoneiro. Como pode chegar a bom porto? Como pode ser eficiente? O texto que se transcreve refere uma situação incrível. Não é desejável que existam outras situações semelhantes. E isto acontece, apesar da existência de centenas de assessores nos gabinetes ministeriais e de os deputados serem mais do que muitos e terem colaboradores altamente remunerados.

Não é despiciendo afirmar que isto se passa num sector fundamental para a vida dos cidadãos, para a sua sensação de segurança. E a Justiça bem merece mais atenção para reduzir e evitar a descrença que o povo nela tem

Governo só sabe legislar sob pressão

A nova lei orgânica da Polícia Judiciária foi aprovada em Agosto, mas até ao momento continua por regulamentar. A Associação Sindical dos Investigadores da PJ diz que o Governo só sabe legislar sob pressão, realçando que neste momento a incerteza é grande, porque ninguém sabe que função vai desempenhar no futuro.

O presidente da Associação Sindical dos Investigadores da PJ, Carlos Anjos, realça que a Judiciária está em gestão corrente.

«Só o director nacional é que está nomeado, os outros estão em gestão corrente, os adjuntos caíram, necessitam de nova nomeação, mas não pode acontecer sem a lei orgânica estar regulamentada. Vivemos na incerteza de como vai ser a casa», salienta.

Carlos Anjos lembra também que ninguém sabe se com a regulamentação vai manter as mesmas investigações e que as mudanças podem trazer prejuízos para o apuramento da verdade.

«Estamos a investigar factos hoje sem saber se amanhã vamos estar nas mesmas secções a fazer as mesmas coisas ou outras completamente diferentes», assegura.

A Associação Sindical dos Inspectores da PJ diz que mais vale uma lei mal regulamentada do que a actual situação e conclui que o Governo só sabe legislar quando está sob pressão.

No sentido de perceber quando é que o Governo vai aprovar a regulamentação da lei orgânica da Polícia Judiciária, a TSF procura agora um contacto com o Ministério da Justiça.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O NEO-LIBERALISMO OU A BURGUESIA DECADENTE

Há uma ideia comum embora falsa de que votar a cada quatro anos para eleger uns quantos tipos pertences de uma máquina burocrática altamente centralizada significa que o povo comum controla o estado. Será mesmo assim? Obviamente que não.
O voto é uma importante vitória arrancada dos poderosos. Mas ele é apenas um pequeno passo a caminho do socialismo libertário. Todas as formas de hierarquia, até mesmo aquelas em que aqueles que estão no topo são eleitos, são marcadas pelo autoritarismo e pelo centralismo. Em todo o sistema hierárquico, o poder está concentrado no topo de uma elite de forma que a sociedade torna-se impotente para se impor ou libertar. E tudo isso, para uma vez eleitos, possam fazer tudo ao seu belo prazer. Em todas as burocracias políticas, muitas decisões importantes são tomadas por pessoas não eleitas, ou seja pelos lobys de pressão. No estado burguês acontece com frequência a passagem de fulanos da política para empresas e vice-versa o que demonstra a promiscuidade entre estas duas “castas”, poder político e poder económico.
A natureza da centralização é colocar o poder nas mãos de uns poucos privilegiados e incompetentes. A democracia representativa baseia-se nesta delegação de poder, com eleitores elegendo outros para governá-los. Além de não ajudar isto pode criar uma situação em que a liberdade é colocada em risco.
Bakunin dizia: “o sufrágio universal não previne a formação de um corpo de políticos, privilegiados, os quais, dedicando-se exclusivamente à administração dos negócios públicos da nação, acabe tornando-se uma espécie de aristocracia ou oligarquia política”
O centralismo torna a democracia sem sentido, com a tomada de decisão política sendo determinada por políticos profissionais em capitais distantes, sem autonomia local, as pessoas ficam isoladas umas das outras (atomizadas) sem qualquer forum político onde possam discutir em conjunto, debater, e decidir eles mesmos os assuntos que consideram importantes. As eleições não se baseiam em agrupamentos naturais, descentralizados e assim deixam de ser pertinentes. O indivíduo é apenas mais um “eleitor” no meio da massa, um “componente” político e nada mais.
O povo isolado não representa nenhuma ameaça aos poderes instituídos. Este processo de marginalização pode ser visto na história “ocidental”, por exemplo, quando as reuniões nas cidade foram substituídas por corporações eleitas, com os cidadãos sendo colocados no papel passivo de espectadores. Na condição de um eleitor atomizado o mesmo dificilmente terá uma noção ideal de «liberdade», apesar da retórica dos políticos sobre as virtudes de uma «sociedade livre» e de «um mundo livre» como se o acto de votar uma vez a cada quatro pudesse ser classificado como «liberdade» ou até mesmo como «democracia».
Deste modo, o interesse e o poder sociais são retirados aos cidadãos comuns e centralizados nas mãos de uns poucos. A marginalização das pessoas é o mecanismo de controle chave para o estado e para as organizações autoritárias em geral. Considerando a UE, por exemplo, verificamos que o mecanismo de tomada de decisão entre os estados que a compõem, repousa nas mãos de uns quantos funcionários burocráticos, através de grupos de trabalho altamente centralizados e centralizadores. Os encontros das cúpulas, incluem os Primeiros-ministros, que simplesmente endossam as conclusões concordadas pelos Ministros e outros burocratas que na sua maioria nada sabem dos assuntos discutidos. Só depois desse processo intergovernamental, é que os parlamentares e o povo são informados das decisões tomadas.
Assim como as elites sofrem pressões económicas, os governos também enfrentam pressões dentro do próprio estado devido à burocracia que vem com o centralismo. Há uma enorme diferença entre estado e governo.
Como Bakunin mostrou, “a liberdade só pode ser válida quando o controle popular do estado é válido. Pelo contrário, onde tal controle é fictício, esta liberdade das pessoas se torna igualmente uma mera ficção”
Isto significa que o centralismo do estado pode-se tornar uma séria fonte de perigo à liberdade e ao bem-estar da maioria das pessoas subjugadas a ele. Porém, algumas pessoas beneficiam do centralismo estatal, esses que vegetam no poder e que querem “carta branca” para fazer o que bem entendem, ou seja, os dois sectores da elite governante e poderosa, os burocratas e os políticos profissionais, ambos vendidos ao capitalismo.

#ferroadas
Publicado também em O LIBERTÁRIO

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

PELA REVOLUÇÃO POPULAR (3)


Vivemos num mundo de iluminados e arrogantes personagens, onde a palavra humildade, respeito pelo semelhante e boas maneiras, já não têm cabimento. Dos USA’s à Rússia, da China ao Bangladesh, da ilha da Madeira ao Reino Unido, passando pelo rectângulo peninsular, cada vez mais verifico que o meu semelhante, é afinal, um tipo sem escrúpulos, crápula, vigarista e mentiroso, felizmente ainda há gente que não cabe no rol. Os políticos, burgueses disfarçados de democratas, cabem que nem ginjas neste imenso mundo de defeituosos seres humanos, e, onde, o povo mais uma vez se prepara para lhes dar de barato os destinos do país e do mundo.

Sei que o ser humano não é perfeito, ninguém é perfeito, mas que diabo a “classe” política mundial e a portuguesa em particular sempre acompanhados dos inefáveis cães de guarda, são uns autênticos mentecaptos, onde a mediocridade é gritante por vezes a roçar a imbecilidade.

Não chegaria o espaço deste post para enumera-los a todos, mas não é só a “classe” política, os patrões (agora apelidados de empresários!!!!!) são, salvo aqui também raríssimas mas muito raríssimas excepções uma manada de imbecis novo-ricos, os quais têm por único objectivo o enriquecimento precoce e não o desenvolvimento do país, muito menos a tentativa de dignificar quem lhes paga as mordomias, estes são para aqueles uma cambada de analfabetos e ignorantes, uns pulhas que só servem para trabalhar.

O Mundo actual quer económica quer politicamente, é “comandado” por este bando de exploradores muito à imagem dos antigos senhores feudais, os quais eram donos de tudo até da nossa dignidade, os barcos negreiros de antanho andam aí, travestidos de precariedade e desemprego, só faltam as correntes, os aguilhões, a chibata, etc., porque carcereiros e bufos já os há. Os governos (todos os governos) convivem bem com estes tipo de coisas, financiam-nos e fecham os olhos às atrocidades, colaboram com o genocídio generalizado da nossa dignidade, da nossa vida, do nosso carácter.

A humanidade só conseguirá sobreviver, quando; patrões ou mandantes, governos ou estado e/ou outras quaisquer formas de opressão, forem banidas. Quando o Povo chamar a si o seu destino. Quando o Povo se capacitar que NINGÚEM pode governar em seu nome. Quando não forem mais necessários infelizes chico-espertos auto-intitulados defensores da plebe, mas não são mais do que uns infelizes déspotas que a troco de mordomias várias lá se vão entretendo a fazer política para os poderosos ou em seu nome. Acabada esta escumalha, a humanidade entrará numa nova era, surgirá então uma forma tão perfeita de auto-governação que jamais terá lugar o intolerante, o incompetente, o medíocre, o iluminado, o corrupto, o arrogante, o sabe tudo, o bufo, o censor, enfim, toda essa corja de eunucos bem falantes que actualmente por aí fedem.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Milu a grande timoneira



Culto da Personalidade ou Culto à personalidade é uma estratégia de propaganda política comum em regimes autoritários, baseada na exaltação das virtudes - reais e/ou supostas - do governante, bem como da divulgação positivista e inventiva de sua figura. O culto inclui cartazes gigantescos com a imagem do líder, constante bajulação do mesmo por parte de meios de comunicação e perseguição aos dissidentes do mesmo - tudo isso é culto à personalidade. Hitler, Stalin, e Saddam Hussein são apenas alguns exemplos dessa tendência política.

Texto publicado tambem no mariazinha


In wikipedia, imagens "roubadas" a wehavekaosinthegarden

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mais uma lição do dito «Terceiro Mundo»

Depois de ter aqui publicado o post Lições do dito «Terceiro Mundo» recebi comentários a falar do pior que existe nos países menos desenvolvidos, mas isso não apagou o valor moral dos casos que referi e, depois de, há pouco, ter visto um diálogo na AR sobre a intenção de encobrir algo sobre as nacionalizações que já começaram, quando tanto se fala de transparência democrática, decidi publicar mais este exemplo vindo da Presidente da Câmara da cidade da Praia em Cabo Verde. Que bela lição para o Governo e os autarcas de cá que se escondem à sombra de «estudos» e «pareceres» de amigos para confirmarem algo que precisam de ter muito tapado.

MpD fomenta transparência na gestão municipal

Isaura Gomes pede auditoria externa à sua própria gestão e encarrega adversário de a coordenar.

Pode ser o fim da politiquice de má língua em que certos partidos são useiros e vezeiros. Achincalhada na campanha eleitoral, Zau mandou agora fazer uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que, de uma vez por todas, cessem as atoardas, não esteve com eias medidas – zás!, nomeou um vereador do PAICV para coordenar todo o processo. Zau, zás!

Mindelo, 5 Novembro – O MpD está a pôr em prática, nas autarquias sob sua gestão, uma nova forma de fazer política: começou em plena campanha eleitoral na cidade da Praia, onde Ulisses Correia e Silva prometeu (e cumpriu) lançar uma auditoria à anterior Câmara e auditorias regulares à sua própria gestão. Depois, em Assomada, Francisco Tavares fez o mesmo. E agora, em Mindelo, surpreende com a sua frontalidade.

Acusada duramente e em termos menos próprios por Onésimo Silveira, candidato do PAICV, e por Vanda Évora, candidata tambarina à presidência da Assembleia Municipal, com Gualberto do Rosário a entrar no mesmo coro, Isaura Gomes desafiou-os. Com Zau vitoriosa nas urnas, os adversários meteram a viola no saco, mas a presidente da Câmara de S. Vicente não se esqueceu: quer tudo a limpo. Isaura Gomes pediu uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que não restem quaisquer dúvidas, Zau foi mais longe: encarregou um vereador do partido adversário, Albertino Graça, de coordenar todo o processo.

Os autarcas ventoinha assumem assim a luta pela transparência, que se gostaria de ver generalizada a todos os municípios e à própria governação. Este precedente, criado pelo MpD, pode criar embaraços às suas oposições, expostas a verem eventuais atoardas suas varridas por inquirições e “entaladas” se, nos municípios onde têm maioria, o processo das auditorias não for seguido.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Debate RUE

«A crise do sistema capitalista e a maneira dos trabalhadores se defenderem dela»

Sexta-feira, 7 DE NOVEMBRO, às 21 horas

Rua Santo António da Glória, nº 52-B, cave C,

Lisboa

Em PORTUGAL 20 mil milhões de euros para os especuladores

ESTE PLANO DEVE SER RETIRADO!

Em Dezembro de 2007, interpelado na Assembleia da República por Jerónimo de Sousa sobre se o compromisso de Sócrates era com o povo português ou com a UE, Sócrates respondeu: “O meu compromisso é com a Europa!”. Isto apesar do referendo à Constituição Europeia – documento semelhante em 95% ao Tratado de Lisboa – ser uma das suas promessas eleitorais.

No único país cujas leis nacionais obrigam à consulta popular por meio de referendo, o povo da Irlanda disse um “NÃO” peremptório ao Tratado de Lisboa. Desde então os dirigentes da União Europeia têm procurado por todos os meios dar a volta às leis que os próprios criaram para colocarem em causa esta escolha popular.

Agora o “compromisso” claramente assumido pelos governos europeus, em sintonia com os Estados Unidos da América, é com o capital financeiro, com os banqueiros e com as grandes empresas. Quando os trabalhadores vão para o desemprego, não há um cêntimo que seja usado a seu favor, sendo as próprias leis da União Europeia a impedi-lo.

Este mês, 3 mil trabalhadores da Nissan manifestaram-se contra o despedimento de mais de um terço dos assalariados da fábrica de Barcelona:

“O dinheiro deve ser para garantir os nossos empregos e não para salvar os banqueiros”, foram as palavras de ordem mais gritadas.

Entretanto os estudantes ingleses têm se manifestado aos milhares gritando:

“Dinheiro para as Universidades e não para os banqueiros!”.

Em Itália, Berlusconi procede a uma contra-reforma educativa que visa despedir 120 mil professores e cortes na ordem dos 8 mil milhões de euros só para o ensino universitário.

Em Portugal, 72% das famílias têm dificuldade em pagar as suas contas. Entre estas, as famílias de rendimentos mais baixos vêem metade destes serem absorvidos pelos encargos com o seu endividamento. Enquanto isto, o governo de José Sócrates decidiu desbloquear 20 mil milhões de euros para alimentar a especulação financeira.

Em conclusão: os governos da União Europeia, de acordo com os seus tratados e directivas, são unânimes em concordar que os dinheiros públicos devem ser usados para alimentar a especulação capitalista, mas não existe dinheiro para manter e desenvolver o sector produtivo.

Pela nossa parte, organizados na Comissão Nacional pela Ruptura com a União Europeia, consideramos que é preciso renacionalizar a Banca, tal como todos os outros sectores estratégicos da economia nacional (energia, transportes, seguradoras,…), para pôr em prática um plano de reconstrução nacional. Não são os trabalhadores que têm de suportar as consequências do sistema capitalista falido. Consideramos também que estas medidas não podem ser tomadas sem romper com a União Europeia e as suas instituições, condição para se poder construir uma União de Nações Livres e Soberanas de toda a Europa.

Mas, seja qual for a opinião que se possa ter sobre a necessidade de romper com a União Europeia, é urgente abrir o debate, para podermos clarificar toda esta problemática, para podermos dizer quais as propostas de acção que são necessárias e que fazem a unidade da população trabalhadora com as suas organizações.


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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A floresta exige mais cuidados

Nesta época outonal é imperioso que se faça o balanço dos fogos florestais ocorridos na estação quente, se analisem as prováveis causas da maioria deles, a forma como foram conduzidas as operações de combate e se retirem as conclusões necessárias à elaboração de estudos que proponham medidas eficazes para prevenir novas ocorrências e melhorar as formas de combate.

Prevenir vale mais do que remediar, mas não basta anunciar novas modalidades de organização da floresta e utilização de modernos equipamentos tecnológicos de vigilância.

Há mais de 15 anos, realizou-se uma reunião na sede da Associação Nacional de Municípios, em Coimbra, na qual estiveram representados a protecção civil municipal de vários concelhos, associações de bombeiros e em que foram oradores vários especialistas incluindo professores universitários que tinham publicado trabalhos sobre o tema.

Passados todos estes anos não se vêm resultados palpáveis a nível nacional, com uma estrutura racional das florestas, seus aceiros, vias de acesso, reservatórios de água, vigilância, etc. Aquilo que se esperava ser o pontapé de saída foi um passo inútil, sem resultados.

Localmente, têm surgido casos exemplares de vigilância da floresta, prevenção, sensibilização das populações, etc. Refiro de memória notícias sobre os concelhos de Alcains, Mortágua e Góis, e que os resultados são elucidativos.

Mas os fogos quando se desencadeiam, não respeitam os limites inter-concelhios e, por isso, não são suficientes as medidas isoladas locais, por melhores que sejam. É indispensável um plano nacional, elaborado com o fito na eficácia e não na visibilidade propagandística. Não basta que o MAI, no início de cada ano, prometa mais dinheiro. Este, só por si, pode nada representar do ponto de vista de resultados. O dinheiro apenas tem significado se for destinado a apoiar projectos bem avaliados e que se mostram bem estruturados e eficientes. Sem ideias e projectos bem delineados o dinheiro de nada serve.

Na Comunicação Social de hoje encontram-se vários títulos que demonstram uma certa motivação para encarar o problema. É preciso aproveitá-la Estamos na época para preparar planos que reduzam os efeitos dos fogos no próximo ano.

Ontem, no Porto, numa conferência integrada na Semana Europeia da Floresta, iniciativa lançada a 20 deste mês pelo Ministério da Agricultura, foi lançada pelo professor Domingos Xavier Viegas, do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais e a Universidade de Coimbra, a ideia de ser elaborado um Plano Nacional de Prevenção na Interface Urbano-Florestal (IUF) para prevenir eventuais desastres ambientais. O Presidente da República, em contacto com os bombeiros referiu que o voluntariado nos bombeiros não pode ser fragilizado. Por seu lado, os Bombeiros querem estabilidade, e os guardas florestais exigem mais atenção às suas condições profissionais.

Perante isto, se o Governo não arranca a sério já, torna se alvo de graves críticas futuras. Uma decisão a tomar desde já, parece ser nomear um grupo de trabalho, pouco numeroso, com elementos independentes, alheios à função pública, com a incumbência de apresentarem um estudo com conclusões e propostas concretas, realistas. Deveria contar com técnicos de protecção civil, bombeiros, docentes universitários com trabalhos publicados, agrónomos, silvicultores, ecologistas.

A influência política só deveria surgir a jusante, depois de terminado o relatório final, para o analisar e tomar as devidas decisões. É um assunto demasiado importante para continuar circunscrito exclusivamente à iniciativa dos governantes.