quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PORTUGAL E ANGOLA, RESPEITO FAMILIAR


O filho nasce, cresce até que começa a ter necessidade de manifestar a sua personalidade, exercer o seu livre arbítrio. Primeiro o pai deve orientá-lo, depois, sem impor autoridade nem espartilhar o filho, alimenta entre os dois a amizade, o amor familiar, com respeito mútuo, evitando atitudes que possam ferir o outro. Ao mínimo desentendimento, procuram esclarecer as razões que o causaram e restabelecer da melhor forma o convívio familiar, sem dor, sem ressentimento e, também, sem espectáculo para os vizinhos, sempre ávidos de fofoquice.

Parece que sobre estas ideias gerais não haverá grandes divergências de opinião. Pode havê-las na vida prática, por teimosia de uma ou de outra parte, ou autoritarismo de uma ou rebelião juvenil da outra.

Esta reflexão parece ser útil para o caso dos pequenos atritos surgidos entre Angola e Portugal.

É certo que a política funciona segundo hábitos pouco recomendáveis, alheios aos princípios do civismo e da ética, como um dia disse Paulo Rangel, mas há circunstâncias em que se devem respeitar valores que só fortificam os participantes, como é o caso dos parceiros da CPLP, da Lusofonia, em que ninguém é dono de ninguém e todos podem beneficiar com o apoio dado a um que dele esteja mais necessitado, com generosidade e sem ambições egocêntricas de exploração ou subjugação.

Há que usar o máximo bom senso, maturidade, sentido de responsabilidade e sentido de Estado. Nenhum dos dois Estados em causa beneficiará com a agudização de desentendimentos e só terá vantagens em serenar o caso presente e melhorar as formas de relacionamento e de comunicação para evitar o empolamento de pequenas coisas futuras. Deve ser evitada qualquer tentação de arrogância ou de teimosia e procurar limar suavemente qualquer aresta detectada. Da parte de Portugal, apraz-me ver as atitudes já tomadas e referidas nas seguintes notícias:

Passos quer falar com José Eduardo dos Santos

Portugal/Angola: "Vamos encontrar" uma solução, diz Rui Machete

Seguro apela a "normalização política urgente"

Partidos preocupados com fim da parceria estratégica com Angola

Imagem de arquivo

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

COMO REDUZIR O ROUBO A REFORMADOS E VIÚVAS


Segundo a notícia Governo admite acabar com as reformas dos políticos, no Conselho de Ministros de ontem o debate iniciou-se com a proposta do corte de 15% nas pensões vitalícias a que os políticos no activo em 2005 tinham direito, por funções exercidas durante oito ou doze anos.

Mas vários ministros entenderam que o governo deve ir mais longe. Consta que, imbuída de respeito por valores humanos e em nome da Justiça Social, Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça, propôs a medida mais lógica e justa: a revogação total das pensões vitalícias dos cerca de 400 políticos que continuam a recebê-las.

Essas pensões vitalícias dos políticos custam cerca de 10,6 milhões de euros anuais aos cofres da Caixa Geral de Aposentações. Se forem cortadas, irão reduzir a necessidade do roubo a reformados e viúvas que, em termos gerais, serão mais necessitados do que os políticos que usurpam ao Estado esses elevados valores que vão acumular-se com outras pensões volumosas.

Disso são exemplos cerca de 400 políticos que ainda recebem a subvenção., de que são citados o socialista Carlos Melancia, que foi três vezes ministro, e governador de Macau entre 1987 e 1991, aufere a mais alta: 9150 euros. Álvaro Barreto, PSD (3400 euros), Zita Seabra, PSD (3000), Joaquim Ferreira do Amaral, PSD (3000), Carlos Carvalhas, PCP (2800), Manuela Ferreira Leite, PSD (2700).

Imagem de arquivo

domingo, 8 de setembro de 2013

Comissão de Ética da AR = Comissão de Promoção da Corrupção

Não acredita no título porque só crê na papa já mastigada que os conglomerados de média, que são puras ferramentas de propaganda política, lhe impingem? Não nota que essa papa já trás o veneno dentro para lhe pôr a grilheta mental e continua a votar em quem lhe saca o que é seu e vive à sua conta.

Actualmente, 117 deputados fazem parte desse número, ou seja quase 51%, mais de metade. Porém, este número não é realista porque se a maioria está lá apenas por figurar nas listas dos paridos mais votados e sem ter sido eleita, alguns foram efactivamente eleitos.

Ora, se a maioria dos deputados infringe a legislação corruptamente, consoante as publicações nos links abaixo — que toda a gente pode ler — sem que a Comissão tome qualquer medida para o corrigir, de modo recursivo através dos anos, o mínimo que se pode afirmar é o que está no título e que os que a compõem são infames biltres empenhados na destruição do país. A destruição do país é a única consequência possível quando deputados com conhecidos interesses privados fazem leis nos interesses pessoais ou dos seus grupos e contra os interesses do país.

Será tão ingénuo que não acredite mesmo quando lhe sacam a carteira e a justiça não funciona? Que mais provas quer? Que lhe dêem um tiro na cabeça? Já faltou mais e os tiros podem muito bem ser disparados sem arma, por outros métodos com efeito idêntico, como os golpes no Sistema de Saúde, dizer que a culpa dos acidentes rodoviários é sempre do álcool e da velocidade em lugar de ensinar as pessoas a evitá-los, etc. Os métodos para matar um povo são inumeráveis e não se constatam apenas em ditaduras assumidas longínquas. Uma oligarquia como a nossa, mascarada de democracia — pois que dest nem os mais elementares fundamentos satisfaz — fá-lo de modo idêntico. É aceite pelos outros europeus? Qual é a novidade? Não aceitam sempre todos os outros países tudo, desde que não os afecte directamente, tal como aprovaram a ditadura do Estado Novo durante tantos anos?

Esta corrupção não existe em nenhum país democrático porque o povo tem controlo sobre os governantes (evidentemente, sem se importarem que nós o tenhamos ou não desde que não os afecte, como sempre), enquanto em Portugal a constituição o afasta determinantemente de qualquer participação no poder e na legislação. Por isso que num povo inculto e com a grilheta bem ferrada na mente por uma desinformação jornaleira, raros sabem o que é democracia e quase todos acreditam pia e estupidamente que esta desvergonha de corrupção obscena seja uma democracia. Para que a bandalheira tenha sido admitida e se estabelecesse sem objecção, tem havido um doutrinamento para a promoção dum exagero de tolerância a fim de que se esquecesse que a tolerância exagerada e despropositada é a origem da bandalheira em que tudo é admitido, obviamente incluindo a corrupção e o roubo dos políticos, desta forma verdadeiramente institucionalizados. A câmara de Lisboa chegou a mandar escrever nas paredes «Portugal país da tolerância», tal é o ponto que atingiu a lavagem cerebral.

Um doutrinamento muito diferente, mas com exactamente a mesma metodologia daquele que aconteceu na Coreia do Norte. Baseado na desinformação, na filtragem, manipulação e pasteurização das notícias. Fazer acreditar que mesmo com a nossa miséria, ignorância, docilidade e atraso somos «os melhores». Um método que funciona sempre. Um método de destruição bem conhecido: «Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição». A ignorância isola em todos os sentidos. Fomentar o individualismo afasta o desejo de viver em sociedade, de se agregar, agrupar e lutar pelas suas causas comuns. A implantação dum isolamento sob o pretexto de evitar a violação da privacidade — como não existe em democracias — fomenta enormemente o isolamento porque muitos dados devem ser de acesso fácil e os abusos podem ser evitados e reprimidos como se faz nas democracias. Em nada Portugal é uma ou se assemelha a uma democracia, seja sob que ponto analisemos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A ECONOMIA E AS PESSOAS


A propósito do muito que apareceu escrito acerca do falecimento do economista António Borges, julgo oportuno recordar o que a economista Maria da Conceição Tavares disse no vídeo publicado em

Recado a jovens economistas e a governantes

Hoje há a tendência de os economistas enfatizarem a intelectualidade da ciência da economia matemática centrada nos números e esquecendo as pessoas.

Imagem do Google

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Vamos Lá Puxar Pela Memória

Agora que se fala tanto da relação, digamos, heterodoxa, que o novo ministro dos Negócios Estrangeiros manteve com a Sociedade Lusa de Negócios, proprietária do BPN, talvez seja o momento indicado para puxar pela memória – não é preciso fazer um grande esforço – e recordar outra grande figura que também manteve uma relação, digamos, pouco católica, com o banco liderado por Oliveira e Costa.

Os mais distraídos certamente não se lembram mas a verdade é que não foi apenas Rui Machete a adquirir acções da SLN a um preço pornograficamente baixo. Cavaco Silva também o fez. O amigo Oliveira e Costa, que ele levara para o seu Governo, vendeu-lhe – a ele e à sua filha Patrícia – um lote de 250 mil acções a metade do preço a que estavam a ser vendidas ao comum investidor. Entre a data da aquisição e a da venda as acções valorizaram 140%. Espectacular. Leiam com a reportagem que a Sábado publicou sobre o tema – um trabalho mais vasto, da autoria de António José Vilela, que fala de um crédito concedido pelo BPN ao genro de … Cavaco Silva – e digam lá que não queriam amigos destes.


[Transcrição do post com o mesmo título publicado pelo jornalista Fernando Esteves no seu blog]

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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O Bufo Destruidor e o Presidente Patriota

O Bufo Coveiro



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O Presidente Patriota

Leia este resumo (é um resumo) até ao fim porque – segundo a sua idade – vai gostar de recordar ou de aprender. No fim compare este homem com as corjas de canalhas e ladrões, traidores e destruidores nacionais e actue em consequência sem se esquecer qual é a pena aplicável em todo o mundo a esta ignóbil gentalha.

Marechal Francisco Craveiro Lopes


Esta fotografia é propriedade do Museu da Presidência da República

Insigne militar e político descendente duma família de várias gerações de notáveis generais que ocuparam os mais distintos cargos do país, com renome de rectidão, honestidade, lealdade e patriotismo.
Filho do General João Carlos Craveiro Lopes.
Neto do General Francisco Higino Craveiro Lopes.
Bisneto do General de Brigada Francisco Xavier Craveiro Lopes.
Trineto do Major Higino Xavier Lopes.
Outros Generais na família próxima.

Em 1916 combateu as tropas alemãs no norte de Moçambique. Por estes feitos em 1917, aos 23 anos, recebeu a Cruz de Guerra e foi feito Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

A sua vida decorreu em feitos semelhantes, de valor e de alto nível.

Em 1941 foi Comandante-geral da Aeronáutica e negociou as condições de utilização da Base Aérea dos Açores pelos Estados Unidos. Em seguida comandou a Base Aérea dos Açores. De 1944 a 1950 foi comandante-geral da Legião Portuguesa.

Foi desempenhando diversos altos cargos até que em 1951, já general, foi indigitado pela União Nacional como candidato às eleições presidenciais, sendo eleito a a 21 de Julho de 1951. Embora tenha sido indigitado por o partido confiar nele, bem depressa as suas relações com Salazar arrefeceram e as suas simpatias pela oposição se concretizaram. Pelo que o partido não o propôs para um segundo mandato presidencial.

Acção pós-presidencial
Após a presidência retirou-se da vida activa política e foi nomeado Marechal da Força Aérea. Manteve sempre estreita relação com a oposição, destacando-se os Generais Humberto Delgado e Beleza Ferraz e o Capitão Henrique Galvão, entre muitos outros. Esteve associado à tentativa de golpe de estado do General Botelho Moniz, a Abrilada de 1961. Humberto Delgado afirma que não concorreria à presidência se o presidente o fizesse. Teve ligado à frustrada revolta da Sé, em Março de 1959, chefiada pelo Capitão Almeida Santos, militares seus próximos e amigos dos seu filho, Major João Craveiro Lopes. A intenção dos conjurados era de recolocá-lo na presidência e Marcelo Caetano a chefiar o governo. Porém Caetano acobarda-se, não comparecendo às reuniões, enquanto o Marechal se expõe abertamente, usando mesmo o seu uniforme solene em 13 de Abril na Cova da Moura. Sabe-se como terminou pela antecipação de Salazar, que por essa altura já os demitira.

Foi ele quem pôs em movimento o impulso que viria a derrubar o regime na Abrilada de 1974. Faleceu aos 70 anos, em 1964, «em situação pouco clara (enfarte do miocárdio?)». Um herói hoje praticamente esquecido pelos bastardos, vigaristas e rascas que se serviram das suas ideias. Acobardaram-se com eles os medrosos chefes militares e desistiram sem responder à incitação de coragem do Marechal, quando se tinham todas as condições para avançar e triunfar, incluindo o apoio dos EUA. Sendo o Marechal dificilmente atingível, a vingança caiu sobre o seu filho e ajudante de campo, João Carlos, «deportado» numa comissão para zona de guerra ao norte de Angola. Os restantes conjurados foram punidos ou desterrados para a guerra colonial.

Com os conjurados desmembrados a penar ou desterrados para a guerra, Craveiro Lopes, único marechal e prestigiado ex-presidente, passou a ser considerado o inimigo público número um do regime. O prefácio que escreveu no livro de Manuel José Homem de Melo, «Portugal, o Ultramar e o Futuro», uma aberta crítica à ditadura que discordava da política ultramarina e defendia a sua discussão aberta, livre e sem censura, que todas as opiniões deviam ser escutadas, era incendiário. o livro foi apreendido e o seu autor interrogado pela PIDE.

Após uma viagem a Moçambique, em 1961 e outra a Angola, no ano seguinte, critica a política ultramarina por carecer de mudança de rumo. Numa entrevista ao Diário de Lisboa, em 1963, desalinha-se positivamente da ditadura e tyam uma repercussão decisiva nas embaixadas e nos governos internacionais, assim como na imprensa

Como era um personagem demasiado importante para ser atacado abertamente, continuou na perseguição do regime salazarista. Diante da dificuldade de o abater, O regime fê-lo alvo do ataque mesquinho, da chantagem, da baixeza. da pressão e do incómodo contínuos. Enfraquecido, acaba por sucumbir a um ataque cardíaco.

Perdida a oportunidade do golpe falhado que ficou conhecido pela Abrilada de 1961, em que o Soares e outros estafermos e parasitas tinham sido postos de parte, perderam-se 13 anos em guerra colonial, à espera que os capitães substituíssem os generais, donde a rasquice que surgiu por fora do tempo, os oportunistas, a ladroagem imediata, o empobrecimento, a falsa ilusão de enriquecimento com os fundos de coesão europeus desbaratados e roubados, um povo convertido em rebanho de carneiros, como Marcelo Caetano previra, mas que não soube evitar por cobardia. Políticos de meia-tigela que chegam a presidentes com sorrisos cínicos. Um povo perfeitamente estupidificado, chupado e explorado que acredita piamente que esta estrumeira se assemelha a uma democracia. Acreditam, morrem contentes.
[Baseado num texto de Nuno Craveiro Lopes]


Integridade moral [Início de transcrição]
Sobre o seu carácter recto e integridade moral, é conhecido que todas as ofertas de estado e presentes pessoais que lhe ofereceram, foram doados a instituições e obras de caridade. Apenas guardou para si algumas das medalhas e ofertas de menor valor.

Conta-se que seu filho, Nuno Craveiro Lopes com sua mulher, então grávida, se encontravam entre os passageiros do comboio da linha do Estoril que descarrilou devido à derrocada da barreira junto ao farol de Caxias, em 1952. Embora não tenham ficado feridos, no meio da confusão entre mortos e feridos a esposa ter-se-á sentido mal. Não sendo possível arranjar transporte no local, o filho telefonou ao Presidente, no sentido de lhe enviar um carro da Presidência para os levar a casa. Francisco Higino, depois de se certificar de que se encontravam bem, retorquiu que não podia dar ordem para enviarem o carro pois estes eram exclusivamente para serviço oficial; que procurassem um taxi para o efeito. E seu filho assim fez: foram andando a pé em direcção a Lisboa e um pouco adiante conseguiram apanhar um taxi.

Como norma, nas viagens e visitas, não eram oferecidos objetos de valor, conforme o desejo do Presidente que era transmitido préviamente às entidades pelos elementos do protocolo. Apenas aceitava flores, medalhas comemorativas e diplomas honoríficos. Livros, só oferecidos pelos autores. Isto devia-se ao facto de que durante a inauguração das Feiras do Livro, era usual nos governos anteriores enviar uma camioneta que os livreiros faziam carregar com livros, facto que o Presidente achava despropositado. Do mesmo modo, nas visitas ao Ultramar, fez saber que não aceitava diamantes, metais de valor, peles, marfim, e coisas semelhantes. Até um boi que lhe foi oferecido pelo Rei do Congo, que não podia recusar por motivos de protocolo, foi abatido e comido pelo seu povo, com grande satisfação.

O Generalíssimo Franco ofereceu em Maio de 1953, quando este visitou oficialmente a Espanha, um automóvel Pegaso, na altura, um topo de gama desportivo, orgulho da indústria automóvel espanhola. Porque o General Craveiro Lopes, homem de grande honestidade e escrúpulo, não desejava conservar presentes recebidos durante o seu mandato de imediato o registou, em 5 de Abril de 1954, em nome do Estado Português, Presidência da República. Foi poucas vezes utilizado pelo General Craveiro Lopes mas o seu filho, Capitão Aviador João Carlos Craveiro Lopes, rodou alguns milhares de quilómetros até que em 1958, quando o Almirante Américo Tomás foi eleito Presidente da República, o Pegaso ficou imobilizado no Palácio de Belém. Mais tarde foi transferido para um armazém do Ministério das Finanças, em Xabregas, onde veio a sofrer graves danos com as inundações que assolaram Lisboa, em Novembro de 1967. Acabou por ser recuperado nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico de Alverca, obtendo-se um perfeito restauro na forma original. Encontra-se actualmente exposto no Museu do Automóvel do Caramulo em Portugal.

No fim do mandato de Presidente da República, o Governo de Salazar tentou "amenizar" a desfaçatez de não ter proposto o General Craveiro Lopes a um novo mandato com a sua promoção a Marechal, incluindo também a atribuição de uma casa para sua residência, e um automóvel do Estado, para seu uso pessoal. O ainda Presidente Craveiro Lopes, fez constar que não aceitaria qualquer benefício ou privilégio de parte do Governo, que não estivesse do antecedente, já publicado em lei. No respeitante a uma eventual promoção a Marechal, só a aceitaria se ela fosse da iniciativa das Forças Armadas e não do Governo. Entretanto, o General Botelho Moniz, indigitado novo Ministro de Defesa incitou o Presidente a aceitar a promoção nas condições que pretendia, pois assim não passaria à situação de reforma, continuando no activo, o que designou como "reserva de Nação". E foi assim que num dia do mês de Fevereiro de 1959, uma representação de Oficiais Generais foi recebida, pelo então ex-presidente, na casa alugada para sí por seus filhos, sita na Rua Sinel de Cordes (hoje Rua Alves Redol1 ), num 1º andar em Lisboa, onde o foram cumprimentar e transmitir a sua promoção a Marechal. Do mesmo modo a viatura que passou a dirigir, um modesto Ford Perfect, foi-lhe também oferecido por seus filhos.

O bastão e estrelas de Marechal da Força Aérea, para vergonha do governo de Salazar, foi-lhe oferecido em 1958, por subscrição pública da população de Moçambique que nutria por si um carinho e admiração especial, principalmente pelas posições que defendia, contrárias às políticas coloniais de Salazar. A iniciativa foi do Diário de Notícias de Lourenço Marques e foi um êxito, tendo-se recolhido uma pequena fortuna. Por seu desejo expresso, após a sua morte, foram oferecidos à população de Moçambique, ficando depositado no Museu Militar da Fortaleza de Lourenço Marques. [Fim de transcrição — Fonte: Wikipédia]

Referências:
Museu da Presidência da República
Liga dos Amigos do Colégio Militar
Wukipedia



Felizmente, o Marechal Craveiro Lopes não foi o único português nem o único presidente honesto. Outros, tais como o primeiro presidente da república, poderão ser admirados por motivos idênticos. A nossa história tem um grande número de gente honesta e de esforçados militares, alguns bem jovens, como D. Nuno Álvares Pereira, cuja sua maior façanha a cumpriu no seu 25° aniversário, tendo D. João I 28 anos de idade. O próprio Almirante Américo Tomás, conhecido pelo «corta-fitas», deposto e expulso do país e da marinha pela Abrilada, jamais abusou do poder. Não vivia em Belém, nem lá fazia festanças à conta do povo como os miseráveis chupistas de hoje e o labrego de Boliqueime, que roubam o estado; só o usava como escritório ou para cerimónias ou actos oficiais. Que comparação entre estes homens e os filhos da puta e traidores que nos roubam há décadas? Merecem a sorte de outros traidores: passados a fio de espada, enforcados ou fuzilados. Fizeram dos portugueses um povo menor, incongruente, sem consistência, sem persistência, volúvel, fútil, incapaz de comparações ou de projectos frutuosas, inepto à reflexão, ao ponto de ser considerado pelos outros europeus como de atrasados mentais. País que tem gente incapaz e é da pior camada que saem os governantes.

O mais inspirador de tristeza e profundamente aflitivo e constringente é reconhecer que o mal que estes heróis combateram com convicção é menor do que aquele em que vivemos na actualidade devido aos traidores e bandoleiros que nos governam com o nosso próprio consentimento. Se a Abrilada de 1964 nos poderia ter trazido liberdade numa conjuntura favorável, a de 1974 trouxe os maléficos tubarões das oligarquias mafiosas com as suas escolas de crime,vigarice e ladroagem (Jotas) que substituíram um sistema – ainda assim – melhor, tal é a desgraça nacional em que nos afundámos e que nos vai levar a uma segura bancarrota.


Como se estas desgraças não bastassem, temos ainda todas as características dum sistema pior que muitas ditaduras. Sim, temos a prova, que a ditadura que precedeu a Abrilada 74 só era funesta para políticos e jornalistas do contra e protegia o povo deles. Agora é o contrário: protege as bandas de malfeitores e ladrões do povo e saca ao povo para lhes dar. A constituição menciona a igualdade, mas tira ao povo as armas para a defender, afasta-o completamente do poder e deixa-o à mercê dos vampiros, únicos que conquistaram liberdade à custa da nossa e sem uma possibilidade de os controlar como numa verdadeira democracia. Para nos enganarem instigaram-nos a gastar acima das nossas possibilidades, causando a miséria actual em que nos fazem pagar os seus crimes e impõem-nos a sua imunidade escandalosa e injuriosamente.

Oligarquias e privilégios depravados de todos os tipos, tamanhos e importâncias, tais como partidos, magistrados, juízes, jotas, fundações, PPPs, observatórios. Às centenas, com benefícios à custa dos contribuintes pagadores, do leite dos bebés, da falta de médicos substituídos por outros proibidos de exercer em qualquer país medianamente avançado, da falta de tratamento, das casas perdidas, da espoliação e da miséria geral dos que não estiverem incluídos nessas oligarquias. Por gerações, a guardar na memória.

Nos outros países atingidos pela crise, governantes e políticos cortaram voluntariamente os seus ganhos totais entre 20% (Irlanda) e 30% (Espanha e Grécia). Em Portugal anunciaram falsamente que cortavam 5%, mas só o fizeram aos funcionários. Contas feitas, ainda ganharam um acréscimo em média de €80/cabeça e mudaram os nomes aos subsídios (como publicam no DR) para continuarem a recebê-los. Giro, os traidores fartaram-se de grunhir que os sacrifícios eram iguais para todos e que não havia direitos adquiridos, mas guardam os deles aos quais, aliás, nunca teriam direito numa verdadeira democracia.

  • São nojentos antidemocratas.
  • Os privilégios que se arrogam são um escarro no povo.
  • São traidores dos Portugueses.



Para recordar:
14 de Agosto e 1º de Dezembro são os dia nacionais tradicionais de limpeza de traidores.
Imagem da Wikipédia
Este e outros artigos também nos blogs do autor (1 e 2).

domingo, 28 de julho de 2013

FALAR PARA FALAR !!!


O primeiro-ministro disse há dias que o país precisa de um “clima de união nacional que permita convergência", o que foi muito criticado por ter utilizado uma expressão «excomungada» há quase 40 anos. Mas em vez de escolher uma ideia inovadora reafirma apelo à "união nacional", mostrando a sua teimosia obsessiva e arrogamte.

Independentemente do termo usado, Esta reiteração do desejo de «união nacional» não está explicada, pois ela não poderá traduzir-se em todo o país começar a aplaudir o PM, mesmo quando a sua inflexibilidade se manifesta por arrogância e teimosia raiando o patológico. União não pode significar que cada cidadão se submeta aos caprichos mal definidos do PM, abdicando do seu próprio conceito de patriotismo e interesses nacionais.

Passos Coelho sempre afirmou guiar-se pelas suas próprias ideias, sem as explicar, «custe o que custar» e afirmou ignorar os sinais de «indignação» dos portugueses expressos através de grandes manifestações ou da greve geral ou de afirmações públicas de parceiros sociais, partidos, etc.

Ora, para haver união tem que haver vontade de aproximação, de sensibilidade para ouvir e sentir o pensamento da população, tal como fez o Papa Francisco ao ir ao encontro da Juventude Mundial e do povo brasileiro. Os governantes, se não encontrarem exemplo melhor, sigam o de Sua Santidade, lendo, ouvindo e meditando as suas palavras difundidas por diversos órgãos de Comunicação Social. E em vez de «união nacional», falem de convergência de todos, amor a Portugal, bem nacional, etc tudo menos despertar fantasmas indesejados.

Seria bom que seguisse os conselhos de colegas de partido, que só falasse quando tivesse algo de importante a dizer, que não fosse apenas palpite ou vago sonho e que, antes de falar, se preparasse bem a fim de evitar banalidades inconsistentes e efémeras que depois não são concretizadas.

Imagem de arquivo

sábado, 13 de julho de 2013

O Presidente das Falácias

Portugal é uma sociedade que vive na mentira e da mentira numa corrupção contínua onde quem melhor mente é quem ganha por o povo desmiolado nem se dar conta e em lugar de reflectir pelos seus próprios meios se limitar a papaguear o que os que o usam lhe impingem. As falácias deste mostrengo já vêm de há décadas. Os desmiolados papam-nas e querem mais. Ele dá.

Coelho e Seguro, dois imbecis saídos da escória formada pelos Jotas, agarrados e capazes de pôr as mães numa casa de passe para acudir aos interesses partidários. Dos interesses nacionais nem se fala.

Claro que eleições agora, ao contrário do que o Coveiro Cavaco ladra, seriam úteis porque acabariam com a instabilidade do governo e com a crise política que criou no seu seio, mas que estava escrita na sina deste governo e que jamais conseguirá ultrapassar. Pelo que se observa é este um constato inegável, pelo que os que afirmam o contrário só o podem fazer na clara intenção de salvar o partido em prejuízo do país e dos seus cerca de 10.000.000 de habitantes. Uma oligarquia contra 10.00.000. Daí, o discurso desse miserável energúmeno que afundou Portugal só poder ter sido uma orquestração da mais ordinária qualidade mentirosa com a sua conhecida baixeza e vil falsidade.

Não é provável, mas certo, que qualquer outro governo, independentemente da sua política, acabaria com a instabilidade que este gerou. Qualquer governo capaz e que não estivesse apenas obcecado para se aproveitar da situação para aplicar os seus princípios neoliberais, que superam de longe as exigências da Tróica, como um dos seus membros contestou às inculpações do Cavaco no ano passado (também foi abafado pela desinformação jornaleira e anti-social), desenvolveria o país em lugar de lhe cortar as pernas para mais facilmente alcançar os seus objectivos neoliberais. Não são incompetentes, mas muito capazes e preferem que assim os julguem para evitarem uma oposição muito mais forte às suas obras. Ainda ouvimos de novo o psicopata a falar de si na terceira pessoa, e manter a crise política! Perguntem de que sintoma se trata a qualquer psicólogo ou psiquiatra.

Por outro lado, os portugueses esforçam-se em dar razão à ideia que que psiquiatras e os outros europeus têm deles: atrasados mentais. Choram, lamentam-se, reclamam, mas em lugar de tomarem as medidas necessárias para a exterminação da corrupção, do roubo e da impunidade dos políticos, aprovam a escumalha votando nela, convencidos de que a substituição de um governo por outro poderá melhorar alguma coisa ao descalabro a que chegámos. Chegaram a um ponto que nem nisso acreditam, mas como atrasados mentais que são, continuam a insistir em perpetuar aquilo de que se queixam e reclamam. [Este facto é independente da necessária substituição do presente governo pela instabilidade interna que ele próprio gerou e pela sua política neoliberal em aumentar desmesuradamente o já maior foço entre mais ricos e mais pobres da UE]

Dizer que Portugal é uma democracia representativa é outra causa de sermos tomados por atrasados mentais. As eleições são burlas, tão conhecidas que se auto-explicam pelo tão conhecido uso das listas e de promessas até contrárias à doutrina ou crença daqueles que as fazem, como se viu no burlão do Coelho, prometer tudo aquilo que sempre renegara. Aliás, foi a única ocasião em que mentiu a esse propósito, tendo até então, a esse propósito, sido sempre honesto aos seus pruncípios.

Não há representação em que os representantes (mandatários) façam o contrário do que querem aqueles que representam (os seus mandantes) e eles propuseram durante as eleições em forma de burla, pois que foi nessas bases que neles votaram e os elegeram. Pode, pois, afirmar-se como provado que Portugal não pode ser, deste modo, uma democracia representativa. Os eleitos não representam os eleitores Crer que sim é outra razão a juntar às que nos fazem ser tomados por atrasados mentais.

Para acabar com a corrupção, a ladroagem e a impunidade politicas só há um caminho: aquele que seguiram os países que conseguiram obter resultados positivos nesse sentido. Se se copia tudo o que está errado, porque não copiar o que está comprovado como certo? Resposta fácil: só se copia aquilo que não seja contra os interesses partidários, e a adopção deste caminho certo iria matar a galinha dos ovos de ouro dos políticos, acabando-lhes com a impunidade garantida no roubo, decisões tomadas às escondidas da nação e só conhecidas depois, etc. Controlo dos políticos, julgamentos pelos seus crimes e responsabilizá-los pelas suas acções e crimes? Jamais eles o admitirão! Só à força. Sobretudo por estarmos num país de autênticos atrasados mentais, em que os eleitores votam incondicionalmente porque «é democrático votar» e votam estupidamente convencidos que substituir um governo por outro pior trará melhoras ao país. É realmente estupidez crassa que após tantos governos que votaram, os novos são geralmente piores do que os anteriores. Desta última vez, após o indesejável e arrogante Sócrates veio um bem pior ao lado do qual o próprio Sócrates parece um santo. Por este caminho, que se seguirá ao Cavaco e ao Cadastrado?

Sem controlo dos governantes pelo povo não há, nunca houve nem pode haver democracia, pois que é isso que a palavra significa. O que temos é um sistema oligárquico em que associações de malfeitores organizados em famílias mafiosas sob a forma de oligarquias políticas controlam o país. Como não o vemos nem compreendemos, é outra causa de sermos atrasados mentais. Um povo a quem o marketing político em defesa duma classe criada ao arrepio da democracia — a dos políticos — sugou a pouca capacidade de reflexão que ainda havia nos seus cérebros já atrofiados, amplamente demonstrado pelos seus gritos de liberdade, não deles mas dos que se preparavam para lhes pôr a grilheta. Porque quem viveu anos no regime anterior conheceu e sabe que havia muito mais liberdade, excepto para uma minoria de políticos e jornalistas. Ora são precisamente os que agora mais nos prejudicam usando da sua liberdade para nos tirar a nossa, os segundos entregando-nos nas mãos dos primeiros por nos ocultarem como funciona uma verdadeira democracia e nos fazerem crer que democracia é o que a nova classe nos dá. Um povo de cobardes dos mais fáceis de domar com a mais simples grilheta mental. «Cada povo tem o governo que merece» e «quem morre porque quer não se lhe reza por alma». Sofrerão pela sua cobardia profundamente na carne e por gerações. Se esta classe não que abdicar a bem terá que que ser a mal.


Discurso integral do Coveiro da Nação

Estranhamente, ou talvez não, algum miserável servente da presidência colocou, na página de entrada, um link para esta página com o seguinte texto: «Comunicação ao País do Presidente da República». Iletrado ou a querer dizer que o pais era propriedade do PR (ao País do Presidente da República)?



Adenda

Analise-se a opinião sobre aquilo a que os portugueses chamam democracia — razão principal por que são considerados atrasados mentais pelos outros europeus — e como os políticos se comportam, exprimida por um conhecido e rico filantropo, simpatizante do PSD do tempo em que este era socialista (tal como o nome e a tradição definiram) e depois se virou neoliberal ferrenho.
Entrevista da RTP


Este e outros artigos também nos blogs do autor (1 e 2).

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A SAÚDE MENTAL DOS PORTUGUESES


Transcrição do artigo «
A Saúde Mental dos Portugueses» do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no Público em 21 de junho de 2010

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária.

Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo as crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade.

Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade.

Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejada de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra

Para ler mais escritos do autor faça clic aqui.

Imagem de arquivo

domingo, 7 de julho de 2013

ESTABILIDADE, CONTINUIDADE OU ESTAGNAÇÃO ???


Governantes e seus apoiantes «asseguram» que a estabilidade fica assegurada com o actual acordo da coligação e que o entendimento reforça a estabilidade. Isto pode ter um significado trágico para os portugueses principalmente os mais desprotegidos.

Estabilidade faz pensar em pântano ou águas paradas, isto é, continuidade da política que, durante dois anos, nos tem entrado pelos bolsos, pela boca, e pela pele (saúde) com austeridade em ondas sucessivas cada vez mais arrasadoras. Traz à memória os termos «pântano» usado pelo PM António Guterres, o de «Tanga» escolhido pelo PM Durão Barroso que se esquivou na primeira oportunidade e por outras situações ulteriores de que a urbanidade não me permite referir em público a adjectivação mais usada comummente.

Por outro lado as despesas da manutenção da máquina opressora do Estado, criadora de parasitas, de burocracias exageradas propiciadoras de corrupção em todos os níveis e desbaratando o dinheiro dos impostos ao mesmo tempo que enriquece uma «elite» cúmplice e conivente com o Poder, aumentando a injustiça social. E nunca mais se ouviu falar na REFORMA ESTRUTURAL DO ESTADO, já mencionada há cerca de dois anos.

E, o que se apresenta com grande gravidade, as pequenas mudanças que surgem não são motivadas pelos interesses nacionais, colectivos, dos cidadãos, mas sim por meras questiúnculas que procuram benefícios bem orientados para oportunistas sem escrúpulos. Por isso, se a estabilidade pode não ser um maná colectivo, as pequenas mudanças também não o serão. E continuaremos a aguardar uma alteração profunda da Constituição Portuguesa e uma adequada e modernizadora Reforma do Estado.

Assim, o novo acordo da coligação não parece augurar grande «opulência» aos portugueses, antes os faz augurar muitos atritos na cooperação entre dois teimosos e sem palavra credível, pelo que deve haver muito cuidado com as seis incógnitas do acordo.

Imagem de arquivo

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Grande Bluff dum Pulha

A página do Cavaco no Facebook utiliza um filtro que encobre os comentários contra por escolha manual. Eles aparecem apenas para o autor desde que ele tenha feito o login no Facebook.

Por exemplo, colocou um comentário onde menciona verdades inquestionáveis, com ou sem referência a um artigo ou semelhante, publicado num jornal ou televisão, que prove factualmente o modo desastroso e cheio de consequências funestas para o país como ele se comportou ou comporta, o seu partidismo ou qualquer outro caso idêntico que tire o verniz daquela chaga nacional. Alguém a seu mando aplica o dito filtro e o comentário continua lá mas invisível para todos à excepção o autor, desde que este tenha feito o login.

O porquê é elementar. O autor continua convencido de que o seu comentário se encontra à vista de todos, mas afinal é como se tivesse sido apagado, pois que só ele o vê. É como ter escrito algo e queimá-lo logo de seguida, mas ficando convencido que foi publicado em todo o mundo. Um desabafo do género do lobo nos desenhos animados do Tex Avery da década de 1950. O comentador é gozado até mais não poder.

Há duas maneiras muito simples de verificar o que aconteceu ao seu comentário.

Para uma delas, primeiro coloque um comentário do género realmente indesejável para o Cavaco. Não com insinuações tolas nem termos menos dignos, mas que contenha verdades incontestáveis, como o que ele fez aos fundos de coesão europeus, um link para o vídeo ao fundo deste artigo ou outro do género. Volte à página dentro de algum tempo, talvez uma ou duas horas, menos ou mais, dependendo da azáfama do operador do tal filtro em Belém. O seu comentário continua lá. Agora log out do Facebook e volte à página: o seu comentário desapareceu. Faça de novo log in e lá está ele! Pode também pedir a um amigo para ver o seu comentário e contar-lhe o resultado. Não tem nenhum «gosto», claro, que ninguém mais o viu nem verá.

Outra maneira simples que lhe permite avaliar o número de comentários que foram maliciosamente filtrados e escondidos. Ao chegar à página do Cavaco, olhe para o seu último post e leia quantos comentários contém, clicando no link Ver xxx comentários, entre o post e os comentários, para os expandir. Conte-os. Não se aflija se lhe parecerem muitos, que verá que será rápido e fácil: falta uma quantidade enorme que corresponde ao número de comentários filtrados apenas visíveis para os autores. A certa altura, no post da sua mensagem do 10 de Junho, listava 216 comentários, mas após desdobrar a lista completa só apareciam 34. Os restantes estavam eclipsados e só eram visíveis por quem os escreveu ao fazer log in. É obra!

Todos os comentários favoráveis são visíveis, até mesmo os contra que contenham palavreado parvo, oco ou inócuo.

Tudo isto é tão visível e elementar que nem merece aprofundar qualquer investigação nem procurar justificações. Este semi-bloqueamento é permanente, ou seja, o comentador continua a poder inserir comentários, mas só para si. É um bluff do presidente que se enquadra perfeitamente na falsidade da sua personalidade e no seu modo de governar que reconhecemos de quando foi primeiro-ministro, em que, entre outros sucessos, chegou a enganar a nação inteira, ao impingir a ilusão de riqueza súbita com o esbanjamento dos fundos de coesão europeus para conseguir votos e ser reeleito.

Como classifica esta acção aliada ao seu comportamento e discursos? Pode-se pegar num dicionário e copiar todos os sinónimos de impostor, aldrabão, vigarista, etc., tudo o que se quiser, mas nenhum deles chega para classificar um tal traidor, um nojento filho da puta da mais baixa estirpe a ocupar e a desonrar a mais alta e nobre magistratura de qualquer nação com truques de baixeza. É aquele em quem votaram. Portanto, que os que o fizeram jamais se queixem, porque o voto não significa democracia nem controla nada nem ninguém e deixa toda a liberdade a qualquer reles canalha, como se vê.

Há que compreender que votar não define uma democracia e afirmá-lo para convencer é mentir, e em Portugal devia saber-se melhor que em qualquer outro país, pois que se votava durante a maior parte do tempo do Estado Novo. É evidente que o voto de per si nem é imprescindível a uma democracia nem a justifica. Essencial e básico é a colaboração e participação de facto do povo, assim como o exercício do seu controlo sobre os governantes, os quais poderão ser escolhidos de qualquer outra forma.

Democracia consiste naquilo que se lê em qualquer dicionário e mais nada; o resto é lavadura para porcos – aquilo que os políticos todos nos têm dado desde a Abrilada, de que se apoderaram. Oligarquia é o estado de uma nação em que a preponderância de alguma família dispõe do governo. Os partidos são perfeitamente assimiláveis a esta definição, por demais que sem controlo são constituídos em famílias mafiosas de associações de malfeitores. A recordar que não existe nenhuma democracia em que os políticos e governantes não sejam submetidos a qualquer tipo de controlo. Foi assim em Atenas, a cidade-estado fundadora da democracia. A mais antiga democracia dos tempos modernos assim funciona também desde a sua fundação, em 1291, na Suíça, e é a isso que se deve tanto a sua existência como a recusa do povo à adesão à União Europeia.

Os políticos e os governantes são tão humanos quanto aqueles que os elegem e administram; seria profundamente estúpido acreditá-los como imunes aos pecados comuns dos outros humanos. Sem controlo não pode haver democracia. Em Portugal nunca houve democracia, mas apenas logro dos políticos para poderem roubar à vontade e impunemente e se alguém acredita que vão largar a galinha dos ovos de ouro a bem ou sem os forçarem ainda é mais estúpido.

Para ajudar a fazer uma ideia do panorama actual e do fumo da podridão intoxicante que paira sobre Belém, transformada numa casa de porcos, e se estende sobre o país, veja o vídeo do comentário da jornalista Constança Cunha e Sá, que segundo parece não está a ser paga para encobrir corruptos, ladrões nem traidores:

«O Presidente da República fugiu do país».












sábado, 6 de abril de 2013

Ministro Rouba M€4 e Assassina os Roubados

Portugal é dos países do mundo com mais acidentes rodoviários, constato plenamente justificado pelo conhecido ditado de que «na estrada se vê o civismo de um povo». Nestas infelizes circunstâncias, os programas de prevenção.

A relação entre o civismo, o saber conduzir e os acidentes é bem conhecida nos países em que o seu número é mais reduzido. Reconhecendo os seus erros têm a oportunidade de usar os meios necessários para os corrigir. Exemplos não faltam. Em fins da década de 1950, diziam as Selecções do Reader’s Digest que a Polónia e a Suíça eram os países europeus com mais levado número de acidentes rodoviário. Sabemos que a Polónia fez grande progresso na sua redução e que a Suíça consegui mesmo colocar-se à cabeça do pelotão dos que menos acidentes registam. Como? Civilizando as pessoas, fazendo-as compreender que o código devia ser respeitado, ensinando-as a conduzir, submetendo-as a exames rigorosos para obtenção de carta.

Paralelamente, corrigiram os vários tipos de erros existentes nas estradas, nos traçados e na aplicação do código, dentro das cidades, e a sinalização foi adequada consoante as circunstâncias. Implantares radares fixos e móveis simulados de fixos com muitas caixas, muitas delas vazias mas com rotatividade dos aparelhos. Mais uma falta flagrante em Portugal. Much Ado About Nothing (título duma comédia de William Shakespeare).

Sobretudo, a fim de que o conjunto de medidas sortisse o efeito desejado ajudariam os condutores a compreender que a culpa era deles.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Esta «ética» vem de longe


Aula de política da época entre 1643 e 1715

Eis um diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, constante da peça teatral «Le Diable Rouge», de Antoine Rault:

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço…

Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados o fazem!

Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: - Criando outros.

Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: - Sim, é impossível.

Colbert: - E sobre os ricos?

Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então, como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

Imagem do Google

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Reprodução integral de um artigo de autoria de Henrique Antunes Ferreira, reformado, ex-director do Diário de Notícias, no seu blog A minha Travessa do Ferreira, após um período de doença e a quem desejamos um bom restabelecimento para o prazer de continuarmos a lê-lo. Ainda bem que mesmo depois de se reformar não conseguiu largar a pena, o lápis, a caneta, a esferográfica ou lá com o que escreva, provavelmente apenas o teclado, e continua a provar-nos a diferença entre um jornalista de mérito e a generalidade dos pedantes manipuladores de notícias distorcidas que hoje fabricam a opinião e desinformam os portugueses em conluio com a corrupção política de que o José Gomes Ferreira é o exemplo primeiro, mas não único.

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NEM ME DIGAS

Cama, mesa e roupa lavada
Antunes Ferreira

O homem enfiou o capuz da parka que já conhecera muito melhores dias. Fazia um frio danado, mas também o sentia por dentro. E fome. Maldita vida aquela. Vá lá que nas traseiras de uma loja de eletrodomésticos conseguira surripiar uma embalagem de frigorífico para lhe servir de cama. Eram difíceis os tempos de crise. Mas também encontrara  uns plásticos para se cobrir da chuva que ameaçava engrossar. Com a manta velha, de retalhos, a abem ver não era manta era uma coisa puída para se tapar. Com uns jornais velhos, sempre ficaria um pouco mais quentinho, mais quentinho, uma merda, mas que o deixaria, sem sentir tanto a frialdade exterior. A interior não havia édredon que a eliminasse.

Tinha dois ou três restaurantes que lhe davam as sobras do que os comensais deixavam nos pratos, mas não era suficiente, por isso a fome que se lhe entranhara no corpo, pequeno-almoço não se safava, almoço, nicles e jantar só as tais sobras. Mas os gajos dos restaurantes já começavam e corrê-lo, este marmanjo vem aqui comer todas as noites, e mandavam-lhe trabalhar que o trabalho por mais sujo que fosse não matava ninguém. Já tentara ser dos lixeiros que andam de noite nas camionetas para apanhar o lixo, mas não tinha ninguém para meter uma cunha na Câmara Municipal e estava feito.

Fernando Ulrich
Aquele filho da puta daquele banqueiro que vira num aparelho de televisão na tal loja de artigos elétricos, ouvira e vira ele com os olhos e os ouvidos que a terra havia de comer, que os Portugueses aguentavam mais austeridade, dizia o malandro ai aguentam, aguentam. E logo uns dias depois dizia que se os sem- abrigo aguentavam por que não haviam de aguentar os outros. O nome do banqueiro que devia ganhar uns bons milhares de euros por mês, chorudos prémios anuais era Fernando Ulrich. Se houvesse em Portugal um novo Buiça – o tipo que matara o rei D. Carlos e o príncipe sucessor D. Luís Filipe, era excelente, dava cabo dele só com um tirito…

Aliás, como diria o Raul Solnado, punham-se em fila indiana o Presidente da República, Cavaco Silva, o primeiro-ministro Passos Coelho, outro ministro, o Miguel Relvas, que se intitulava doutor e que tinha o curso universitário fazendo uma só cadeira, mas que tinha muita experiência (?) política (?) e o Vítor Gaspar, o ministro das Finanças e com uma só bala dava-se cabo desses todos. Uma bala com um cordel, que se puxaria depois de cumprida a sua missão e podia servir para outros. Era uma economia.

E por economia, também devia estar em nova fila o Álvaro Santos Pereira, ministro justamente da economia e outras especialidades. E mais alguns governantes deste (des)Governo que diz que nos (des)governa), que depois dos do Salazar e do Marcelo Caetano, era o pior que nos calhou na rifa. Mas o que é facto é que foram eleitos pelos Portugueses, mas por mim não foram nenhum deles, comentários que o autor, mesmo sendo contra a violência, subscreve completamente… Com tudo isto já se desviou o escrevinhador do personagem desta croniqueta que dormia num passeio qualquer, de preferência debaixo da soleira de porta de prédio.

Vítor Gaspar
Logo que o tal ministro das Finanças começara a roubar os Portugas, já no ano anterior, correra uma anedota natalícia: dos três  magos que tinham ido visitar o bebé Jesus, o Melchior levava ouro e incenso, o Baltazar prata e mirra e o Gaspar roubava tudo. Boa, bem tirada. Repete-se e completa-se : roubos à mão (des)armada. Lemram-se?, o Salazar também começara como ministro das Finanças, e, com falinhas mansas, lixara o general Domingos de Oliveira que era o primeiro-ministro e depois foi o que se viu: quase 50 anos de ditadura com Censura, PIDE, a polícia política, campos de concentração como o Tarrafal e outras brincadolhices.

De resto, o atual chefe (?) do (des)Governo, o Passos Coelho que se pusesse a pau com o Gaspar e o com o dos Negócios Estrangeiros, o Paulo Portas que é gajinho para o empurrar pela escada abaixo. Dos coscuvilheiros, invertidos e de sorrisinhos a peixeiras e correlativos em campanha eleitoral, é o diabo, olá se é… Mau, voltou o escriba a descarrilar, meia-volta volver, em frente marche. O sem-abrigo desta estória, andava com um vazio gástrico que não sei se vos diga, se vos conte. Os restaurantes – nada; porque tinham menos fregueses e porque o IVA aumentara desmesuradamente (bem como todos os outros impostos para o proletariado) e porque  por isso faziam menos comida, porque era a crise e etc. e tal. Logo, nada de sobras, vai comer noutro sítio.

Numa alegre confraternização
Ora, lá se diz que cada come onde lhe apetece. Quando fora mobilizado para Angola, uma noite o oficial de dia, que na verdade deveria ser chamado oficial de noite, ao passar revista noturna às casernas, dera com um soldado preto todo nu em cima de outro soldado, este último branco também em pelota, numa alegre confraternização. Lanterna em cima dos comparsas muitíssimo camaradas chegados, bateu o alferes miliciano no ombro do de cima, que não sabendo que era o oficial, respondeu você tens nada com isso! A cu é teu?! Claro que deu uma bronca de se lhe tirar o bivaque, que é como se chama ao chapéu na tropa. Auto, cadeia, trinta por uma linha.

Esfomeado, resolveu entrar numa padaria e à socapa gamar uma carcaça. O padeiro agarrou-o, seu sacana de ladrão, chamou o polícia que o levou para a esquadra. Onde disse ao chefe que por subtrair um pão era um gatuno, roubara; se fosse um banqueiro, um administrador ou outro importante que metera ao bolso uns milhões por falcatruas diversas tratava-se apenas de um desvio, com advogados aos montes que de recurso em recurso levavam o processo à prescrição. A ele meteram-no na choça depois de levar umas valentes chapadas. É a vida, comentara o guarda, umas galhetas nas trombas nunca fizeram mal a ninguém.

Bem vistas as coisas, lá lhe levaram um almoço, ainda que sem grande qualidade, e depois de o ouvirem em auto, ofereceram-lhe uma graciosa pulseira eletrónica para usar no tornozelo e foi avisado que depois no tribunal daí a uns dias o juiz lhe daria a correspondente correção. Já um homem não pode levar um papo-seco para enganar o intestino sem consequências dessas.

À noite, quando se deitara debaixo de um portal de um banco, por acaso uma agência do BPI, o tal senhor Ulrich vinha a sair para entrar num mercedes do último modelo, o banqueiro dissera ao motorista que lhe desse um euro e que lhe dissesse que no dia seguinte não queria lá vê-lo, senão chamaria um polícia e… E o nosso personagem ficou todo contente, deixou-se quedar ali, até pediu um cigarrinho por amor de Deus a um senhor que passava, marimbando-se para o cabrão que dissera, ai aguenta, aguenta.

Este chegou e viu o Abílio Fernandes Martins deitado no seu leito de cartão, com uma mini beata nos lábios, olhou-o de viés e mandou o porteiro que viera abrir-lhe a entrada, para chamar a polícia a fim de tirar aquele fulano dali. Já no seu gabinete todo em mogno e carvalho, maples e cadeirões, alcatifa, quadros de autores caros, sedas e brocados, sentou-se à sua secretária de estilo, premiu o botão do intercomunicador e ordenou ao seu chefe de gabinete que ligasse imediatamente ao Comandante-geral da Polícia, ouça, caro amigo, tenho aqui à porta do banco um malandro que quis gozar comigo. Mande prendê-lo e diga ao juiz do Sumário que lhe dê uns 15 dias por vadiagem e invasão de propriedade e espaço público.

Meu dito, meu feito. O antigo soldado 187945/65, que combatera em Angola e tinha um pulmão a menos, por mor de um tiro do inimigo, na altura um turra, foi para a esquadra sem oferecer resistência. Logo de seguida um auto feito à pressa e um julgamento foguete: ou 15 dias de prisão, ou multa no valor de 2.879,26 euros. Tinha um euro no bolso era o seu pecúlio. Poderia, depois ir deposita-lo no banco em causa… Agradeceu ao meritíssimo magistrado, que ficou de olho à banda com tal afirmação, À você ainda goza? Ora tome lá: 21 dias de prisão não remíveis!

Quando deu entrada na cela a Penitenciária para cumprir a pena, o guarda prisional que antes era chamado carcereiro, saíste-me uma boa rês e ainda por cima tentaste achincalhar o senhor Juiz. Abílio fez um sorrisinho sonso, não respondeu, mas falou para ele próprio sem abrir a boca: Porra, finalmente ia ter três semanas à boa vida com teto, cama, mesa e roupa lavada. E, se calhar a Fernandinha da Meia-laranja ainda lhe levaria um macito de cigarros. De cigarrilhas, não, eram muito caras.

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Comentário parcial do autor, também transcrito deste artigo do seu blog.

Conto, mais uma vez com a vossa compreensão, amabilidade, paciência e, sobretudo A vossa Amizade. Um bem-haja a todas e todos, muita saúde, paz e capacidade de lutar pela Verdade - que estes lacaios da troica e do poder económico conspurcam quotidianamente.

Alegando transparência, escudam-se na escuridão em que vivem; mentem com quantos dentes (cariados) que têm na boca. Sabem que estão a amortalhar o Povo Português e que estão errados e não querem reconhecê-lo.Praticam a engenharia (?) financeira e mentem nos números que dão.

São um arremede de ditadores de pacotilha e têm quem lhes dê «boa» informação, muitas vezes paga. São, portanto desonestos, apoiados pelas organizações e países e governantes que os dominam. Fazem todos parte da mesma máfia internacional, dizem-se neo-liberais e são prepotentes, arrogantes e espertalhaços, desde Belém a São Bento e etc.

Os que estavam antes eram mentirosos, corruptos e falcatrueiros, mas não dizem que foi o Cavaco Silva, da mesma seita laranja, que, quando primeiro-ministro e com dinheiro «dado» pela então CEE, pagou aos que arrancassem oliveiras, sobreiros e vinhas, mas agora diz que os Portugueses devem dedicar-se à agricultura. Pagou, com os dinheiros da da mesma origem para os que afundassem a frota pesqueira nacional e agora roga que se pratique a agricultura e a pesca para ajudarem a saída da «crise» que ele próprio começou a criar.

Enfim, sobem os impostos de todos, incluindo os reformados, e e assim diminuem os salários, aumentam os preços da energia, da água, dos transportes e até do pão, e tudo para restaurar a confiança dos chamados «mercados» a quem prestam vassalagem. Resumindo: estão a dar cabo de Portugal...

Mas não me calam a voz, nem me roubam o computador, o monitor, o teclado e o rato. (Ainda) não me mandam para campos de «reeducação» que o mesmo é dizer de concentração. Não me tirarão o direito à Liberdade e à Democracia.

Porque eu não os deixo vegar-me, nem me vergarão; se a PIDE mascarada de DGS não me eliminaram não estes cretinos que o farão. Porque não tenho medo deles, ainda que suspeite que os «informadores» andam por aí. Ainda não há delitos de opinião mas compram muitos ditos comentadores, opinion makers e jornalistas da nossa praça.

Não tenho medo deles, ainda que não seja um herói.Mas não deixarei de praticar mais vilanias.

Nasci assim, tenho vivido assim e morerei assim. Nunca me vendi nem recebi por baixo da mesa, nem fiz trocas de influências, nem corrompi ninguém, nem me deixei corromper. Nunca.

Qjs & abraços

Henrique Antunes Ferreira, BI 13697-6 e contribuinte 108418812. Para que conste

7 de Fevereiro de 2013 à0 01:21

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Governo Controla RTP Abertamente

O governo passou a controlar a RTP para impedir a reestruturação política e manter o domínio da corrupção sobre o país, usando o conhecido método da grilheta mental das oligarquias e ditaduras modernas, mas mão novo.

Depois do que até agora se tem observado, não parece ser novidade que não se inscreva nas linhas directivas deste governo, que supera todos os desejos dos seus precedentes neste mesmo sentido de dominar a opinião, ainda menos de admirar estando-se ao corrente do nojo antidemocrático, celerado e obscenamente ordinário que é o Corta Relvas, mais um doutor ao estilo nacional, cujo enriquecimento é mantido sob mais estrito sigilo. Quando alguém deste calibre chega ao poder, o país está a bater no fundo. Por demais com um primeiro-ministro com uma condenação do Tribunal Criminal de Évora em cima e duas mãos cheias de processos em investigação, agora abafados, claro.

Já muitos se questionavam sobre o caso do director de desinformação da RTP, que pela falta de seguimento parece ter sido encoberto após um pequeno vulcão. Não se sabe mesmo se o subornaram para se calar. Numa pseudodemocracia oligárquica mascarada de democracia, todas as suposições sobre as manigâncias da corrupção destinadas a enganar o povo têm lugar legítimo.

Assim, a RTP, dominada pelo governo, iniciou há algum tempo uma pressão insidiosa sobre a opinião geral nacional. Seria desnecessário, a ponto de se tornar ridículo, lembrar aqui que em caso de enfrentarem esta afirmação jurariam a pés juntos e com cruzes que isto é uma difamação ou um erro de apreciação e que tentariam provar à sua conveniência o já provado em sentido contrário.

A cobardia inata da maioria dos portugueses leva-os à resignação, para o bem e no interesse da ladroagem corrupta e incompetente, os carneiros acomodaram-se à crise em lugar de lutarem como os povos avançados. Se têm fome, roubam, mas aceitam a sua sorte com resignação e masoquismo. Os islandeses, neste caso seguiram um caminho oposto ao da desorientação revoltosa da Grécia ou ainda menos de Espanha, outro povo que continua no atraso secular já bem anterior aos miseráveis reis genocidas, Fernando e Isabel, que passavam os invernos a tiritar de frio nos seus castelos de pedra nua e desprovidos dos confortos elementares dos senhores da época.

Apoiando-se neste atraso e cobardia nacionais, que a corrupção promove e explora, que com eles lucra e enriquece, empobrecendo o povo, a RTP, por inspiração governamental, resolveu levantar os ânimos e inspirar uma muito salutar auto-estima. Começou por se auto-elogiar. Que ousadia só possível por os telespectadores serem apáticos, incapazes de reflectir e tudo engolirem sem líquido. Como se trata dum caso de afronto publicitário, a primeira reacção duma pessoa normal é de tomar a ousadia por aquilo que na verdade é: uma impostura monstruosa. Sobretudo por a sua auto-publicidade nos querer fazer acreditar que eles não manipulam as informações, que não nos desinformam como o têm feito nem nos mantiveram deliberadamente na ignorância, escondendo-nos o modo como vivem os povos democráticos e dominam os seus políticos (assunto jamais devidamente abordado, pelo que quase ninguém cá conhece) e evitando comparações desastrosas para os governantes incompetentes e corruptos. Clamam ser o que não são, pelo que ao inverso daquilo que bradam, não merecem um mínimo de confiança; é como se caracteriza tal tipo de publicidade e o embuste que realmente significa.

Paralelamente, têm há algum tempo seguido outro método que ultimamente empolaram: inchar os pobres cobardes com uma auto-estima que só pode ser resultado num orgulho em se ser ignorante e atrasado, incapaz de gerir a sua própria vida, lorpa que se toma por vivo e inteligente mas que cai em todos os logros políticos e publicitários. Enfim, exactamente aquilo pelo que os povos mais avançados nos conhecem. Aquilo que, evidentemente, não vão declarar quando esses parlapatões lhes perguntam a opinião sobre os portugueses. Nenhuma televisão faz essas perguntas a estrangeiros porque já se sabe que as respostas nada teriam a ver com o que eles pensassem e que são geralmente o contrário, mas que em Portugal é frequente ouvir-se por o povo ser incapaz de compreender a realidade – enganam-nos e gozam-nos descaradamente e querem que confiemos neles.

Para tanto, falam-nos ainda das tradições que eles mesmos têm destruído, substituindo-as por outra que inventam, como a do bacalhau como prato nacional das festas de Natal e Ano Novo, uma barbaridade em que grande parte dos mentecaptos acabaram por acreditar. A todo o momento falam em «cumprir as tradições» por eles mesmos as arruinarem e não as cumprirem. Vêm agora com programas velhos, alguns do tempo do Estado Novo, que esconderam durante décadas para que os esquecêssemos, alguns sobre procedimentos e modos civilizados que condenaram.

Porquê?