quinta-feira, 5 de junho de 2008

IDEIAS PARA A ALTERNATIVA (PARTE III)

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E LABORAL

Além do crescente desencanto com os políticos profissionais, na democracia representativa a opinião do Povo só é consultada uma vez a cada quatro anos. E após serem eleitos, os políticos tradicionais podem agir praticamente como bem entenderem, até a próxima eleição.
Essa separação em
castas de governantes e governados faz com que os políticos estejam mais atentos às suas próprias vontades e vontades de outros poderes que não aquele que emana da eleição popular, como por exemplo o económico. O político ocupa uma posição que foi criada pela delegação de um poder que não lhe pertence de facto, mas apenas de direito. Entretanto, ele age como se o poder delegado fosse dele, e não do eleitor. Isso torna a sua vontade susceptível a todo tipo de negociatas das quais ele possa extrair mais poder, seja em forma de aliados políticos ou em forma de capital.
O fim da casta de políticos tornaria o jogo político-social mais intenso, com discussões verdadeiramente produtivas mobilizando a sociedade, pois atribuiria ao voto um valor inestimável, uma vez que pela vontade do povo questões de interesse próprio seriam decididas (imaginem o fervor que surgiria nas semanas que antecederiam uma votação a favor ou contra o aumento do salário mínimo, integração europeia, tratado de Lisboa, etc.).
Escreveu Kropotkin no seu livro “A Conquista do Pão”
“haverá um dia em que o sistema económico será baseado em trocas de bens e serviços e na cooperação voluntária entre todos os cidadãos. Desta forma, seria possível produzir riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, trabalhando-se apenas cinco horas por dia durante a idade adulta e deixando o resto do dia livre para a satisfação pessoal”. Segundo ele, o capitalismo, sendo baseado na competição, é o responsável pela má distribuição de recursos e sua consequente escassez.


Se reparar-mos é o que acontece nos países desenvolvidos do norte da Europa, onde a Noruega é um bom exemplo.
Quando um organismo é administrado pelos seus participantes em regime de democracia directa chama-se AUTOGESTÃO. Em autogestão, não há a figura do patrão, mas todos os trabalhadores participam das decisões administrativas em igualdade de condições. Em geral, os trabalhadores são os proprietários da empresa auto-gestionada. Não confundir com controle operário, que mantém a hierarquia e o controle externo do organismo (ou da fábrica) a algum organismo ou instância superior (como um partido político por exemplo). Os conceitos de autogestão costumam variar de acordo com a posição política ou social de determinado grupo. O conceito de autogestão caracteriza-se por eliminar a hierarquia e os mecanismos capitalistas de organização envolvidos. Já os conceitos de controle operário mantém os mecanismos tradicionais de organização capitalista.
continua

2 comentários:

José Lopes disse...

A política como profissão e a exclusividade dos partidos na representação aos mais diversos níveis da política nacional são limitadoras da democracia e da intervenção cívica que assim é abafada.
Cumps

Paulo Vilmar disse...

Tem um senador, representante do estado em que moro, que está na 5ª Legislatura, há 20 anos e se apresenta, a cada eleição, como um político não profissional... desfia um rosário de impropérios contra os políticos e elege-se novamente.
Abraços!