segunda-feira, 9 de junho de 2008

A original greve do patronato

A total situação de irrealidade, surrealismo, imaginação política, ou seja lá o que lhe queiramos chamar, que se vive actualmente na vida política portuguesa, expressa-se de uma forma das mais características pelo que vai ser hoje a paralisação da camionagem portuguesa. Aliás, dou-lhe este nome porque não me ocorre outro mais adequado para definir esta nova figura jurídica, em que patrões paralisam a sua frota de camiões, numa espécie de protesto contra o aumento dos combustíveis. Não é exactamente greve, porque isso fazem-no os trabalhadores, também não é exactamente lockout, porque isso fazem-no os patrões contra os seus trabalhadores... O que será então?

Confesso que não estou nada preocupado com a definição jurídica do que se está a passar, mas antes com o seu conteúdo político, o seu significado, no contexto de um país desgovernado, mal governado, governado suigenericamente!!! Será esta afinal a definição que faltava para definir a actual situação? Afinal, uma Situação Suigenérica?

A crise internacional - que começa por ser isto mesmo, uma crise internacional - do aumento do preço dos combustíveis fósseis, do petróleo e seus derivados, como a gasolina e o gasóleo, para abreviar os considerandos muito típicos do nosso comentarismo sócio-económico-político, chegou também a Portugal! Afinal, o que parece tão "simples" na sua complexa raiz, tornou-se tão intrincado no nosso doentio e quase-quase-profissional comentarismo, que dificilmente nos entendemos para compreender a verdadeira realidade dos factos. Na minha modesta opinião de cidadão, o que se passa é que o patrões também decidiram fazer uma greve. Pronto. É esquisito, é fora do comum, é original, mas é disto que se trata.

Hoje, os camiões não vão a lado nenhum. Ficarão parados, andarão devagarinho, mas foi isto o que o patronato decidiu. Aliás, nem sequer se põe o problema dos trabalhadores saírem prejudicados com esta originalidade, porque a sua "féria", o seu dia de "não-trabalho", o seu salário será pago. Isso também ficou decidido pelo patronato. Sugiro que leiam esta notícia que publicámos no nosso site, retirada por seu lado do jornal Publico.pt, para que esclareçam as suas dúvidas, as que lhes possam legitimamente ter surgido com toda esta novidade, com toda esta originalidade. No fundo, com o que me parece ser uma espécie de novo passo dado em prol de uma luta contra o nosso grande inimigo. Contra a Globalização Neoliberal!

Pelo menos é assim que eu o vejo. Quem quiser elucidar-me, contradizer-me, não hesite em fazê-lo já, ou logo que se sinta mais esclarecido, ou tenha uma opinião mais racional do que esta...

2 comentários:

Paulo Vilmar disse...

Olá!
Isto não é greve nem paralisação! Não passa de uma chantagem entre iguais. Conseguindo subsídios para o combustível, experimentem os motoristas e trabalhadores de empresas de transportes exigir melhores salários, levarão um belo chute no traseiro.
Abraços.

ferroadas disse...

Só acreditava que os patrões/transportadores tivessem de boa fé se esta “greve vs paralisação” parasse mesmo o país.

Trancassem as fronteiras, barricassem as vias de comunicação, mas para ter sucesso teria de ser durante um período de tempo considerável.

Só assim o Sócrates ganhava juízo. Será que ganhava?

Abraço