domingo, 22 de março de 2009

Cães, Cabras, Parasitas e Outros Animais

Que espectáculo, a substituição do Provedor de justiça! A ganância dos políticos não é nada que não se saiba, mas o modo como este caso tem transpirado tem sido dos mais úteis por demonstrativo. Com o seu cinismo habitual, a Manela Leiteira quer-nos convencer do contrário, de que um assunto público por natureza não deveria vir a público. Felizmente que isso aconteceu para mostrar aos mais ingénuos a corja que constitui os partidos nacionais.

Têm-se invectivado de ambos os lados, no que a Manela tem de certo grande prática e habilidade. Com a sua falsidade costumeira tem querido sempre atirar com as culpas para os outros, nunca para os seus. Ao que parece, aqui, caso se atribua aos corruptos o direito de açambarcarem todos os lugares importantes, a culpa parece ser a dividir pelo meio.

Todos os políticos procedem de modo idêntico, é essa a desgraça do país. A maior desgraça, todavia, é a da população parecer cada vez mais anestesiada e totalmente incapaz de inverter a situação. A ignorância geral está bem demonstrada no que se ouve: quando se está desiludido pelos políticos abstém-se de votar. Com tal desinformação jamais se chegará a qualquer lado e nada poderá mudar.

Interessante, que nos venha agora a chiba da Leiteira dizer que o governo actual é o culpado da desgraça na agricultura portuguesa. É evidente que só pode fazê-lo sem o mínimo receio de se mostrar ridícula por estar certa de que o povo desmiolado não se pode recordar de como os governos do Cavaco destruíram pescas, indústria e agricultura. Já todos se esqueceram? Se o povo não fosse tão estulto no seu conjunto, a máfia corrupta não se aventuraria a tanta banha da cobra e não se admitiria uma tal corrupção. Todavia, o atraso mental é tão grande que muitos até acreditam que também eles se podem aproveitar da corrupção geral fazendo-a jogar em seu favor. Só os ricos dela se podem realmente aproveitar e sempre á custa dos pobres. Ora, num país em que a pobreza tanto se desenvolveu por isso mesmo, já se vê a conclusão.

É inconcebível que a democracia não tenha ainda chegado a esta ponta da Europa por simples culpa da corrupção das oligarquias políticas assembladas em famílias autenticamente mafiosas. É inconcebível que esses execrandos não parem de falar em democracia com a única intenção de ocultarem a sua inexistência. Por outro lado, a ignorância nacional geral é tão profunda que existe, efectivamente, uma enorme maioria da população genuinamente (estupidamente) convencida de que Portugal é uma democracia, apenas porque se vota (também se votou durante a maior parte do tempo que o Estado Novo durou). Como o poderia se, quando os seus princípios básicos apenas existem nas palavras? Nenhum país é uma democracia por ter uma constituição que o afirme nem por não se parar de nelas se falar; uma democracia vive-se. Quanto mais nela se fala menos ela existe. É assim em todo o mundo e Portugal não é nisso excepção.

A correria dos cães esfaimados ao ataque dos postos que deveriam ser postos a concurso para gente competente tem que acabar. O aberto parasitismo dos incapazes que mais nada sabem fazer na vida senão parasitar tem de terminar de vez. Sem que acabe, a administração pública será sempre aquilo em que o parasitismo e a incompetência dos dirigentes dela fizeram e que tão bem conhecemos. Trata-se dum travão para o progresso nacional. É este o primeiro passo para uma democracia. Muitos outros há, mas este é o mais significativo: não há democracia com corrupção. A corrupção é humana não poderá ser erradicada por completo, mas este caso é o seu maior exagero possível e a origem de toda a corrupção subsequente.

2 comentários:

Mariazinha disse...

Eis o compadrio no seu melhor.
A ansia de poder é tanta...
Para que serve o provedor?
Servirá para branquear as negociatas obscuras que vêm a lume?
Se fosse para servir o cidadão não haveria concerteza tanta concorrência ao lugar.

Um abraço

José Lopes disse...

O poder é sempre compelido a eternizar-se e por isso tende a repetir sempre as mesmas fórmulas com os inerentes defeitos.
Há coisas mais importantes que urge resolver, como o desemprego e os seus efeitos, mas a Justiça é um valor que ao poder não merece um esforço de seriedade e de urgência.
Cumps