quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A China e os direitos humanos

O assunto do artigo «Direitos humanos: China pede a Washington para parar de dar lições» merece ser devidamente ponderado pelos diplomatas e pelos que pensam um pouco sobre os aspectos que podem influenciar a paz mundial e a felicidade dos povos.

O Departamento de Estado Americano no seu relatório anual sobre o estado dos direitos humanos, o primeiro da Administração de Barack Obama, promete dar o exemplo e aponta o dedo às violações registadas na China, Irão ou Rússia. A China reagiu de imediato, pedindo aos Estados Unidos para pararem de se apresentar como guardiões dos direitos humanos no mundo.

“Pedimos aos EUA que se ocupem dos seus próprios problemas de direitos humanos e que parem de se considerar guardiães dos direitos humanos”, declarou esta manhã à imprensa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu.

“Neste 30 anos, a China experimentou um forte crescimento económico e realizou progressos democráticos constantes e protege plenamente a liberdade religiosa”, assegurou ainda o porta-voz, citado pela AFP. “Os grupos étnicos gozam dos seus direitos e da sua liberdade” na China, acrescentou. “O mundo inteiro sabe isso.”

Porém, o relatório americano, publicado quarta-feira à tarde, sublinha violações das liberdades individuais na China. “O balanço do Governo chinês no que respeita aos direitos humanos continuou mau e agravou-se em certas regiões”, citando em particular “a repressão das minorias étnicas na região autónoma uigure e no Tibete”. Washington denuncia ainda as “eliminações e torturas” infligidas aos opositores e as perseguições sofridas pelos dissidentes, defensores dos direitos humanos e os seus advogados, nomeadamente no período dos Jogos Olímpicos de Pequim.

Compreende-se que a China, candidata a grande potência mundial e senhora de uma história milenar de poder hegemónico na Ásia e no Extremo Oriente, o Império do Meio, tem características civilizacionais próprias e não gosta de ser apontada como em situação inferior seja em que aspecto for. Por outro lado, a América não será bem vista se continuar a assumir um papel de polícia do mundo.

Mas o mundo que se considera mais civilizado não resiste à tentação de exigir condições mais humanas quanto aos direitos humanos e, dada a globalização da economia, muitos países asiáticos, com salários de miséria e horários de trabalho muito alargados, bem como o trabalho infantil, constituem uma concorrência desleal que, se não for moderada, arruinará os produtores do mundo Ocidental.

Haverá, por isso, que, de forma adequada, convencer esses países a usarem de métodos semelhantes aos restantes membros das Nações Unidas, por forma a construir-se um ambiente internacional de concorrência sã, em clima de confiança, compreensão e cooperação, para bem das populações de todos os continentes.

8 comentários:

José Lopes disse...

A China não é exemplo para ninguém, mas os EUA também têm telhados de vidro, e Obama já prometeu pelo menos acabar com Guantanamo, e nós por cá também temos os nossos pecadilhos...
Melhor fora que cada um se esforçasse por acabar com as injustiças no seu canto, antes de atirar pedras ao vizinho.
Cumps

A. João Soares disse...

Caro Guardião,
Realmente, como cada País tem as suas tradições e formas de vida, cada um deveria resolver os problemas sociais da forma mais adequada á sua população. Mas numa época de globalização da economia e dos sistemas financeiros, a concorrência merece sérios cuidados, para evitar que a mão de-de-obra demasiado barata e explorada crie condições concorrenciais que destruam a economia dos outros Estados. Tudo está relacionado e os Estados têm necessidade de se controlarem entre si.
A actual crise foi originada por falta de controlos rigorosos e generalizados nas operações financeiras o que levou a especulações e actividades menos honestas que colocaram todo o mundo em crise. Simplificando: o civismo é indispensável a todos os níveis, sendo a sua falta mais grave nos mais altos escalões.
Abraço
http://www.domirante.blogspot.com/

ChulapA disse...

china já é mais complicado
mas eu vejo mudanças
mt bom o blog
gostei do conteudo
parabens

Jorge Borges disse...

Caro A. João Soares,

Subscrevo integralmente o apelo que faz no final do seu post. Não posso é concordar que os Estados Unidos continuem a arvorar-se em defensores dos direitos humanos, com a publicação deste relatório arrogante, que julga de cima os restantes países. A China está longe de respeitar os direitos humanos em muitas áreas da sua política interna, é um facto bem conhecido. O que está errado neste contexto é que sejam os Estados Unidos a lembrá-lo, do alto da sua intocabilidade. E quanto a Guantánamo, por exemplo? Há respeito pelos direitos humanos?

Um abraço

A. João Soares disse...

Caro Jorge Borges,
Estamos de acordo,
Nem os EUA, nem outro Estado,nem a ONU que é inoperante como se tem visto.
É urgente que os diplomatas passem a ir além da diplomacia do copo e do croquete! É preciso que discutam valores éticos e sociais e chamem a atenção dos parceiros para estes problemas. É um papel de todos e de cada um.
Há que acabar com a estratégia dos canhões e se passe a utilizar uma diplomacia eficaz, consistente e convincente. Para isso é preciso seleccionar e preparar bem os seus agentes.
Um abraço
João Soares

Mentiroso disse...

Vemos que, como é de sua tradição, os EUA continuam a apoiar todas as ditaduras e regimes abusivos contra os Direitos Humanos, desde que lhes convenha.

E querem eles fazer-se passar por democráticos. Sim, foram uma democracia, mas isso já nem nos podemos recordar, pois que foi no tempo do Lincoln. Entretanto, não só o mundo mudou como eles retrocederam afastando-se cada vez mais do conceito.
Os chineses têm razão quando dizem que os EU não são guardiões. Bem pelo contrário, nem para exemplo servem. Até logo se calaram quando os chineses disseram que o caso do Tibete – como tantos outros, bascos, irlandeses, kosovares, timorenses, índios, etc. – eram um caso interno. E se fosse?

Pata Negra disse...

Não haverá forma de convencer esses países enquanto tivermos dedos com complexos de superioridade, enquanto tivermos as mãos sujas nos interesses económicos, enquanto não nos convencermos que não temos os olhos em bico!
A China não se abrirá à nossa cultura enquanto nós não nos abrirmos à dela! Abriu-se à nossa tecnologia?! Também nós, há cinco séculos que nos abrimos à dela!
Isto não vai lá com paninhos quentes nem com ogivas nucleares!
Direitos humanos?! Estaremos mais adiantados mas, ainda assim, em tempos que ainda não cuidámos suficientemente de nós próprios!
Porra! Afinal de contas a américa acabou de se libertar de Bush e nós continuamos a ser governados por José Sócrates!!!
Um abraço por uma China contida

Anónimo disse...

eSTESNOVOS RICUS SO SE PREOCUPAM CUS PROBLEMAS DOS OUTRUS. dEVEM TAR CU GRANDE TAJU DENTRO DO ps PARA OS PREOCOAREM TERRORISTAS.