quarta-feira, 6 de agosto de 2008

MAIS UMA ESTÓRIA DE ENCANTAR NESTE PAÍS DE FAZ-DE-CONTA


Um número indeterminado de assaltantes roubou esta madrugada uma caixa Multibanco do interior do tribunal de Almada, tribunal esse que não possui qualquer meio de vigilância nocturna, seja física ou de captação de imagens através de circuito interno de televisão.

Já tinhamos conhecimento anterior de agressões a juízes, perda e extravio de processos e salas de audiência a funcionar nos sítios mais "exóticos" possíveis e imaginários, fruto da precaridade das instalações, mas o roubo de um ATM de dentro do edifício de um tribunal era até há bem pouco tempo completamente inédito. Esta situação não foi a primeira, há menos de 1 mês o tribunal de Loures foi assaltado com o mesmo propósito.

Recorde-se que os Tribunais são, juntamente com o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, um órgão de soberania e por tal garante da aplicação da Justiça, um dos pilares basilares do Estado.

Sendo já por si grave este tipo de acto, mais se torna quando se percebe que quem o cometeu facilmente poderia da mesma forma aceder a qualquer processo e roubá-lo ou subtrair-lhe provas e documentos fulcrais para um julgamento.

Numa altura em que tanto se fala em gastar vários milhões de euros na alta velocidade para percorrer 200 ou 300 kms, não seria mais producente investir na melhoria das condições de segurança e funcionamento dos tribunais, na valorização do ensino e das escolas, nomeadamente acabando de vez com os barracões pré-fabricados de décadas e construindo escolas dignas com recintos apropriados à prática desportiva, e na saúde disponibilizando à população um serviço eficiente e uma rede alargada e de qualidade de prestação de cuidados?

Sendo nós um país de fracos recursos financeiros, os mesmos não deveriam ser empregues tendo em atenção as prioridades imediatas e as necessidades mais prementes como são a Educação, a Saúde e a Justiça?

Francamente continua a causar-me grande confusão esta falta de discernimento em distinguir o acessório do essencial. Se calhar é porque sou mesmo marreta...

1 comentário:

José Lopes disse...

Numa revista de uma câmara municipal vi fotos e um artigo sobre a inauguração de umas salas de aula "novas", que eram na realidade contentores, mas vinham caracterizadas como «espaços modulares». Será preciso dizer mais para se topar logo quais são as "prioridades" de quem manda?
Cumps