segunda-feira, 30 de junho de 2008

O ENDIVIDAMENTO COMPULSIVO DO PORTUGA


A poucos dias de uma nova subida das taxas de juro, os dados relativos à situação de endividamento de uma grande quantidade de famílias portuguesas é, no mínimo grave e preocupante.
Os portugueses ocupam os primeiros lugares do top europeu, atingindo o endividamento particular 90% (!!!) do PIB, agravado pela incapacidade de cumprimento das dívidas, que disparou 60% (!) no mês de Abril.

Habituados a um nível de vida surreal, conseguido à custa de empréstimos sobre empréstimos, os portugueses, bombardeados diariamente por apelativos incentivos ao consumo desmedido, afundam-se cada vez mais num mar de dívidas na ânsia neurótica de atingir a materialista felicidade suprema. Massacrados por bancos e instituições especializadas em crédito pessoal, não conseguem resistir à tentação de se tornarem em maus ilusionistas que manobram as contas mensais em seu desfavor, gastando mais do que recebem.

Tecnicamente falando, uma enorme fatia da população está falida, ou para lá caminha, mas continua a não enjeitar o "luxo" de poder ostentar um crocodilo na camisete, três faixas diagonais nos ténis, um télélé 3G de última geração, lunetas de sol de centenas de euros e, claro, o imprescindível pópó, o ex-líbris máximo da ostentação, nem que seja para fazer inveja ao vizinho mais comedido. Quanto ao jantar, logo se vê, afinal sempre há o McDonalds que é barato, é "in", agora até parece que é saudável e sempre dá uns brindes para os putos.

Para tudo o português recorre ao crédito. Desde os calcantes da Charles ao plasma de grandes dimensões (sim, porque não pode de maneira alguma ser mais pequeno que o do vizinho, nem pensar!), passando até, pasme-se, pela compra de uma animal de estimação e finalizando na viagem de férias à meca do jet-set, tudo é bom motivo para endividamento.

Afinal, o que parece contar, ditar as regras e estabelecer a escala de valor e consideração pelo próximo nos dias de hoje, é a ostentação, a imagem, os sinais exteriores de riqueza e não a virtude, os valores, as ideias e as capacidades de cada um. É o pseudo novo-riquismo instituído na sua pior vertente de camuflante da pobreza escondida, promovido por um conceito erróneo de sucesso e felicidade e sustentado por uma miríade de sanguessugas que se deleita com os fabulosos lucros anuais arrecadados à custa da desgraça alheia.

Este país não precisa apenas de uma revolução política e económica mas, também e fundamentalmente, de uma revolução de ideias e mentalidades. Não podemos continuar a viver num país de faz-de-conta, onde a população ensaboada pelo marketing político e lavagens cerebrais parece viver eternamente iludida.

Este presente não é, nem pode ser o futuro.

3 comentários:

Jorge Borges disse...

Aqui está o que eu chamo pôr o dedo na ferida. Não estaria, de facto, altura de pôr um ponto final no endividamento através do crédito? É que quem fica a ganhar não é o consumidor, é a banca, essa vampira do sistema económico.
Desta forma, se prolongam os mandatos dos políticos que lá estão para enganar o zé povinho.
Um abraço

Zorze disse...

Caro Jorge Borges, te espero na IV Grande Farra Blogoesférica.
Agora não há desculpas ...
Todos nós vamos ter as quatro grandes energias: a água do mar, geo-energia (terra), o ar (que todos nós respiramos) e a energia solar. Só falta o prof. Bambo.
Tenho para mim que vai ser uma grande noite Extrafísica.

Jorge Borges disse...

Lá vou, lá vou!
Todo Extrafísico... 8))
Abração!!!!!!!