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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Imposto extraordinário e justiça social

O anunciado «imposto extraordinário» que consiste no corte dos subsídios de Natal, também conhecido por 13º mês, acompanhado de uma tabela das percentagem aplicáveis aos diversos níveis de salário, tem sido alvo de críticas, porque onera mais a classe média do que a classe alta.

Efectivamente, não é justo que em proporção sejam os mais pobres a pagar a crise: Vejamos quais os valores do subsídio de Natal a receber, nos diversos níveis de salários:

Quem ganha 2000 recebe 1242
Quem ganha 3000 recebe 1742
Quem ganha 5000 recebe 2742
Quem ganha 10000 recebe 5242

Assim se aumenta o fosso entre ricos e pobres

Para haver a justiça social de que tanto se fala, parece que seria mais adequado, por exemplo, que até aos 2.000 de salário recebessem o total do salário mensal, que acima desse patamar e até aos 5.000 recebessem o mesmo (2.000) e que, daí para cima, não recebessem nada, o que pouca diferença faria no seu nível de vida.

Bem sabemos que será necessária muita coragem ao Governo para enfrentar os mais poderosos. Mas é nestas situações que se mostra a autoridade moral !!! Mas não seria impossível adoptar uma solução baseada nesta sugestão pois até o Líder dos empresários apoia imposto e diz que consumo no Natal "é um disparate". Realmente, em época de crise, seria sensato afrouxar a ânsia de consumismo e de ostentação em dissonância com a realidade actual.

Imagem da NET

sábado, 8 de agosto de 2009

Contribuintes pagam abate de carros

Há dias que ando a magicar neste tema, mas fui ultrapassado por outros assuntos. Hoje apareceu o artigo de Ferreira Fernandes que me fez avançar. Transcrevo-o e no fim exprimo algumas reflexões.

A revolta dos carros para abate
DN. 090808. por Ferreira Fernandes

Ubasute, o lugar onde se abandona a velha mãe, pertence ao folclore japonês. Sobe-se à montanha e deixa-se lá, sozinha, aquela que já não espera nada. Na década de 80, Shohei Imamura fez um belo e celebrado filme sobre essa lenda, A Balada de Narayama. Há ainda um poema doloroso e irónico de uma mãe que, transportada às costas do filho até à montanha de Ubasute, vai deixando parte do seu corpo para que o seu menino saiba o caminho de volta.
Desde ontem, também os donos dos carros a cair da tripeça podem levá-los ao abate (de Ubasute?) e trocá-lo por 1500 euros. A vida tem de ir para a frente e a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) aplaude a medida, necessária para combater a crise dos vendedores de automóveis. Mas os velhos Toyotas e outros Fiats são menos fiéis que a velha mãe do poema.

Podem vingar-se, como se descobriu também esta semana na Alemanha. Lá o incentivo é de 2500 euros e tem sido um sucesso (aumentou as vendas de novos em 30%). Mas descobriu-se que mais de 50 mil carros, falsamente dados para abate, foram exportados. O prémio para o abate foi um incentivo para o crime organizado. A falta de compaixão paga-se caro.
Ferreira Fernandes

NOTA: Esta medida que desencaminha muito dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes só produz benefício para a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) que, como diz o autor, deve aplaudir a medida. Os vendedores de automóveis regozijam-se. Mas os menos privilegiados pela sorte que trabalham com as mãos sujas de ferrugem, nas muitas oficinas de reparação que existem por todo o País têm que pensar outra vida, porque deixa de haver carros velhos a precisar do seu serviço.

Só há benefício para os grandes grupos de importadores e vendedores de carros novos, enquanto os pequenos reparadores vão para o desemprego, e isto à custa do dinheiro dos contribuintes.

Outro aspecto não menos significativo é o incremento que esta medida dá ao espírito consumista, de desperdício, de ostentação, contrariando a necessidade de uma mentalidade de gestão de todos os recursos que devia nascer desta crise. Isto mostra que o Governo pretende que quando cai um botão da camisa, em vez de pregar o botão, se deve destruir essa peça de roupa e comprar uma nova. Parece que, pelo contrário, a crise devia ter levado as pessoas a pensar conservar o carro enquanto a sua utilização for compensadora e a dar preferência aos transportes colectivos.

Curioso também é que já há carros a mais como se vê na falta de espaço para estacionamento, na quantidade de carros que circulam apenas com o condutor, nas famílias em que há um carro para cada pessoa, ao mesmo tempo que em Portugal não existe indústria nacional de construção de viaturas.

Pergunto: em que medida se pensou nos interesses nacionais, e que objectivo nacional pretendem atingir com tal decisão? Mas há interesse dos políticos em beneficiar os donos da alta finança e das mais fortes empresas.