Movimento Social
Os movimentos sociais não lutam para ter poder no Estado ou nas suas instâncias institucionais de poder. Eles estão sempre organizados fora do Estado, defendendo a devolução do poder político ao povo. Assim, acreditamos que o problema não é quem ocupa o Estado, mas o próprio Estado.
Os movimentos sociais não lutam para ter poder no Estado ou nas suas instâncias institucionais de poder. Eles estão sempre organizados fora do Estado, defendendo a devolução do poder político ao povo. Assim, acreditamos que o problema não é quem ocupa o Estado, mas o próprio Estado.
E só desta maneira que entendemos o conceito de poder popular, defendido por outros grupos e organizações. Se por poder popular entendemos a crescente força social das organizações das classes exploradas, que estão inseridas em uma disputa permanente com o capitalismo e com o Estado, então estamos de acordo. No entanto, há aqueles que defendem o poder popular como a sustentação de vanguardas descoladas da base, hierarquia, partidos autoritários, reivindicações do Estado e burocracias de vários tipos.
Além da acção directa, como forma de fazer a política, os movimentos sociais, na forma como os entendemos, têm a necessidade, caso se proponham agentes de uma significativa transformação social, de utilizar a democracia directa como método de tomada de decisões. A democracia directa acontece nos movimentos sociais quando todos os que neles estão envolvidos participam efectivamente do processo de tomada de decisões. Com a utilização deste método, as decisões são tomadas de maneira igualitária (todos possuem a mesma voz e o mesmo poder de voto) em assembleias horizontais, onde os assuntos são discutidos e deliberados. Não há pessoas ou grupos que discutem os assuntos e que deliberam fora das assembleias; não há hierarquia ou chefes que mandam e outras que obedecem.A democracia directa exercida neste modelo pode-se comparar ao funcionamento do socialismo libertário. Ou seja, os movimentos sociais se coordenam internamente pelos princípios da autogestão e se articulam, nos casos de necessidade, pelo federalismo. É importante ressaltarmos que actuando desta forma, estamos incorporando em nossos meios de luta, posições defendidas para os fins que desejamos atingir, confirmando a máxima de que “os fins justificam os meios”. As próprias lideranças e funções assumidas são temporárias, rotativas e revogáveis.
Neste modelo de movimento social, há uma importância para a conduta militante com ética e responsabilidade. A ética, que norteia uma conduta militante correcta, em princípios que se opõem ao capitalismo e ao Estado e que sustentam a cooperação, a solidariedade e o apoio mútuo. Ela ainda norteia o comportamento militante que actua sem prejuízos para com os outros, que estimula o apoio, não permitindo as posturas que visam a cisão ou a disputa interna desleal. A responsabilidade, princípio que se opõe aos valores do capitalismo, estimula que os militantes dos movimentos sociais tenham iniciativa, que assumam responsabilidades e as cumpram, isso evitará que poucos fiquem sobrecarregados com as muitas tarefas, que tenham atitudes condizentes com o espírito de luta e que contribuam da melhor forma com os movimentos sociais.
A solidariedade e o apoio mútuo também são princípios que devem ser estimulados nos movimentos sociais. Em oposição ao individualismo do capitalismo, a união das classes exploradas para combate ao capitalismo e ao Estado deve ser estimulada. Ao sair do isolamento e buscar associar-se, juntando-se a outras pessoas que querem construir um mundo mais justo e igualitário, as pessoas constroem a solidariedade de classe. Esta dá-se na associação de uma pessoa com outra para formar um movimento social ou mesmo de um movimento social com outro, na busca da construção da organização popular e da superação do capitalismo e do Estado. Neste caso, os limites do Estado não devem ser reconhecidos, pois os movimentos sociais têm de se solidarizar pelos interesses de classe. Quando são pautados pelos interesses de classe, os movimentos sociais são internacionalistas.
Também, os movimentos sociais constituem um espaço privilegiado para o desenvolvimento de cultura e educação popular. É na cultura, como forma de ser e de viver das classes exploradas, que dará corpo à educação popular. Todos os que estão mobilizados desenvolvem sua aprendizagem e as novas formas, manifestações, linguagens, experiências e vivências traduzem o espírito da luta. Como não há um saber acabado, é o processo de troca entre os militantes que permite esta educação, em que não há um professor e um aluno; todos são professores e alunos. Todos aprendem e todos ensinam. Assim se dá a construção de uma educação que respeita a cultura popular e capacita os militantes a partir dos diálogos, dos debates, das trocas de experiências. Neste processo, é possível contrapor os valores do capitalismo que são transmitidos, todos os dias, pelos meios de comunicação, pelas escolas e pelo sistema.
# ferroadas
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