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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OS CULPADOS

Ultimamente, os grandes “crânios” do empresariado português coadjuvado pela elite política mais conservadora, têm-se empenhado em ditar o nosso presente e futuro. Fazem-no com arrogância, ignorância e desprezo pelo povo.

Para eles somos atrasados, medíocres e ainda nos encontramos no tempo da canga fascista de antanho.

Propostas arrogantes, como se o País fosse sua propriedade e os trabalhadores tivessem de regressar à condição de criados e de servos. Como se os salários tivessem de baixar ao limite da sobrevivência e fosse imprescindível destruir os serviços sociais e os direitos do trabalho.

Como se o Estado tivesse de ser desmantelado. Dizem que o Leste é que é bom, lá os salários são baixos, os impostos irrisórios, os trabalhadores disponíveis, os despedimentos fáceis. Países competitivos, dizem. Mais competitivos são, por exemplo, Marrocos, o Gana, ou o Haiti. Nestes países é mais fácil despedir um trabalhador do que cuspir para o lado e os salários são simbólicos. São nestes “paraísos competitivos” que as populações fogem e emigram mesmo arriscando a vida.

A direita portuguesa tem a cabeça suja e confusa. Os nossos empresários não percebem uma coisa simples. O problema de Portugal não está no Estado, nem nos trabalhadores. Está sim neles mesmos, numa elite que se julga excelente, mas que na realidade é primitiva, ignorante, saloia e incompetente. Uma elite que nunca se cumpriu historicamente como burguesia. Uma elite que não sabe o que é, menos ainda o que quer.
Se dermos rédea solta a estes patrões e pessoal político, que lê o mundo pelos manuais de divulgação do neo-liberalismo mais tacanho, corremos o risco de o País deixar de ser um Estado de direito para ser um estado desgraçado, uma colónia do capitalismo internacional, um sítio mal frequentado. Reclamemos os nossos direitos de cidadania e expliquemos, sem arrogância, que eles são apenas os mais ignorantes de nós.

# ferroadas

quinta-feira, 7 de maio de 2009

ESCRAVOS DO SÉCULO XXI

Os escravos do século XXI não precisam ser caçados, transportados e leiloados através de complexas e problemáticas redes comerciais de corpos humanos. Existe um monte deles formando filas e implorando por uma oportunidade de trocar as suas vidas por um salário de miséria, ou mesmo por um pedaço de pão. O «desenvolvimento» capitalista alcançou um tal nível de sofisticação e crueldade que a maioria das pessoas no mundo tem de competir para serem exploradas, prostituídas ou escravizadas. Para além destes, outros existem que, como há 500 anos atrás, nem sequer têm essa possibilidade: simplesmente nasceram para ser escravos.



quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

CAPITALISMO = EXPLORAÇÃO


Independente do período de capitalismo a que nos refiramos, há um factor comum: a exploração. Essa exploração do homem pelo homem provém do capitalismo, cujo principal pilar é a propriedade privada dos meios de produção.

O processo de exploração pela propriedade privada acontece da seguinte forma: o proprietário detém os meios de produção e, por diversos formas, entre elas a contratação de trabalhadores que recebem salários, apropria-se de parte do seu trabalho, pois não lhes paga os frutos completos daquilo que produzem. Este excedente do trabalho alheio apropriado pelo proprietário é conhecido como mais-valia.

Proudhon enfatizava que a um indivíduo, o máximo que lhe pode ser pago pelo trabalho, é aquilo que ele mesmo pode produzir. Enfatizava, em O Que é a Propriedade de 1840, que “se o direito de ganho pudesse sujeitar-se às leis da razão e da justiça, ficaria reduzido a uma indemnização ou reconhecimento cujo máximo não ultrapassaria jamais, para um único trabalhador, certa fracção do que ele é capaz de produzir”. Ou seja, a um indivíduo, o máximo que lhe poderia ser pago, seria o total daquilo que ele produziu.

Este constituiria a base de seu raciocínio sobre a exploração por meio da propriedade privada. Ao empregar um número de trabalhadores, por exemplo, a tendência do patrão será sempre a de lhes pagar o menor salário possível e receber a maior quantia possível de dinheiro pelo seu trabalho. Ou seja, ter o mínimo custo e o maior lucro.

Nos dias de hoje o sistema foi adaptado. O mínimo a ser pago, é o mínimo aceite pelo “mercado” e como há muitos trabalhadores em situações gravíssimas de desemprego, sub-emprego, precaridade, etc., muito provavelmente, sempre haverá alguém disposto a receber menos pelo trabalho realizado. E se valor pago pelo proprietário não puder pagar as despesas do custo de vida do trabalhador? Ele que se desenrasque para conseguir outras fontes de rendimento ou reduza ainda mais o seu nível de vida.

Ao apropriar-se de uma parte do trabalho realizado pelos seus trabalhadores, o patrão - ou o detentor da propriedade privada - aparece, para Proudhon, como um usurpador, um ladrão. Isto porque o que é justo, na sua concepção, é que cada um receba os frutos completos de seu trabalho e, a partir do momento que, por ser o detentor da propriedade, o patrão lhes paga o mínimo possível, com o objectivo de acumular o máximo possível, apropriando-se de parte do valor do seu trabalho, o proprietário constitui-se num ladrão. Por tal Proudhon afirmou que a propiedade é um roubo. E porquê? Porque a propriedade privada dos meios de produção fornecerá ao proprietário uma forma injusta de enriquecer. A propriedade oferecerá ao proprietário o enriquecimento injusto pelo arrendamento, pelos juros recebidos, e também pela apropriação da mais valia de seus trabalhadores assalariados.

E a ganância do proprietário não tem limites, na maioria dos casos. O proprietário não se contenta com o ganho tal como o bom senso e a natureza das coisas lhe asseguram: quer ser pago dez, cem, mil, um milhão de vezes. E para atingir este objetivo, o proprietário não medirá esforços, o que levará Proudhon a concluir do porquê da propriedade ser impossível, dizendo: “…a propriedade, após despojar o trabalhador, assassina-o lentamente pelo esgotamento; ora, sem a espoliação e o assassinato a propriedade não é nada; com a espoliação e o assassinato ela logo perece, desamparada: logo, é impossível”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Portugal é o maior

Portugal é o maior esbanjador dos dinheiros públicos, daquilo que nos obriga a pagar em impostos. A notícia do jornal de negócios de hoje é elucidativa.

Víctor Constâncio ganha 250 mil euros por ano;
O seu equivalente americano apenas ganha 140 mil euros por ano.

Isso equivale a
Victor Constâncio ganha 18 vezes o rendimento nacional ´per capita’:
O seu equivalente americano apenas ganha 4,2 vezes o rendimento 'per capita' dos EUA.

Constâncio está entre os banqueiros centrais mais bem pagos do mundo
Rui Peres Jorge, rpjorge@mediafin.pt

Nunca, como no último ano, a opinião pública ouviu falar tanto dos governadores dos bancos centrais. Até há um ano, para a maioria das pessoas estes banqueiros existiam apenas como os gestores dos juros. Mas a actual crise veio colocá-los no centro da política económica, devido às suas competências de supervisão e de assistência a instituições em dificuldades. A importância que assumiram volta a colocar a questão: quanto vale um governador?

Para o Ministério das Finanças português, o cargo ocupado por Vítor Constâncio vale uma remuneração anual de perto de 250 mil euros por ano, cerca de 18 vezes o rendimento nacional 'per capita'. Já para a Administração norte-americana, o lugar ocupado por Ben Bernanke justifica apenas 140 mil euros anuais, ou seja, 4,2 vezes o rendimento 'per capita' dos EUA.

NOTA de AJS: Já há quase um ano circulou por e-mail um artigo extenso e pormenorizado que comparava sob vários aspectos Victor Constâncio e o seu equivalente, na época, dos EUA. A notícia de hoje, embora curta, é elucidativa da exploração dos contribuintes portugueses.
Outra notícia de hoje, do DN diz que Gestores de topo ganham 441 salários mínimos. Segundo ela, um estudo do Hay Group analisa ganhos nas 50 maiores empresas e conclui que, na economia capitalista, a chamada cultura do mérito conduz a situações como a dos rendimentos dos presidentes executivos das 50 maiores empresas europeias equivalerem a 441 salários mínimos da Zona Euro. Isto significa que um trabalhador com o salário mínimo precisaria de trabalhar 441 anos (!!!) para receber tanto como um desses gestores recebe em apenas um ano!!!

O capitalismo está assim, ele próprio, a confirmar as teses de Karl Marx (1818-1883), filósofo, economista, mas igualmente sociólogo, que, ao tornar-se o teórico de um socialismo que anuncia como científico, se interessou pelo processo de desenvolvimento capitalista e tentou revelar as suas contradições internas, insistindo particularmente nas oposições de classe, segundo ele, inelutáveis no seio da sociedade capitalista.

Realmente o mérito só é pago principescamente aos que detêm as rédeas do poder nas empresas e instituições, mesmo que usem de corrupção e actividades ilegais, como temos sabido acontecer em muitas empresas financeiras. Os trabalhadores num grau hierárquico afastado do topo podem ter muito mérito, muita dedicação, muita competência, muita produtividade, que nunca cheirarão prémios equivalentes. Mesmo que fabriquem uma peça que, se tiver um defeito mínimo, estraga toda a produção da fábrica!

Algo está mal na sociedade ocidental e que tem alastrado para os países em vias de industrialização. Talvez esta crise global abra os olhos aos explorados e os leve a influenciar a moralização e a equidade do sistema.