domingo, 10 de abril de 2011

O Fim do Gozo

O Mário Soares largou uma sentença das suas na semana passada, obviamente dirigida a amnésicos. É o costume do que ouvimos dos políticos.

Segundo ele, um pedido de ajuda financeira externa ao FMI não acarretaria maiores problemas do que aqueles que o país suportou quando ele era primeiro-ministro.

Será mesmo assim, como ele afirmou? Recordemos um pouco e comparemos as circunstâncias. Na altura, Portugal tinha já estoirado a fortuna nacional do Estado Novo. Contudo, o país conservava os seus meios de produção. Havia uma agricultura que alimentava a população, com raras importações. Havia uma pesca que não só alimentava, mas exportava. Havia alguma indústria que também exportava. O que não havia era tantas sanguessugas a que agora chamam investidores estrangeiros que levam os lucros para os seus países, claro.

Sem muitos exemplos, recordemos que das mais de 250 fábricas de conserva de peixe da altura pouco mais de duas dezenas restam. Entretanto, os acordos do Cavaco com a UE fizeram abater a quase totalidade da frota pesqueira nacional enquanto os outros países as aumentaram (ex.: Espanha que pesca onde o Cavaco acordou proibição para nós). Idem para a agricultura, tanto quanto à sua aniquilação quanto ao que se passou na UE (ex.: França), que não só protegeram as suas como investiram na reciclagem dos (nessa altura) filhos dos agricultores. A indústria veio a receber o golpe cavaquista muito mais tarde por não ter sido também reciclada, modernizada, tanto os industriais como o seu pessoal tornando-se improdutivos com o tempo e incapazes de atingir salários decentes.

São caminhos e procedimentos cujos resultados levam obrigatoriamente muito mais de uma década a produzir efeito. Tal como com a falta de médicos, «encomendada» (decretada) pelo Cavaco no seu último ano de governo.

Portanto, a referência do Mário Soares sobre este assunto não é mais verdadeira que sobre outros. Mentiu de novo descaradamente à população, um mestre vigarista, como nos habituou a reconhecê-lo através dos tempos. O género de gente que uma população de atrasados mentais adora e nela vota. Idem com o Cavaco, com o Coelho, com o Sócrates, com o Louçã, com os Portas, etc. O Jerónimo parece ser actualmente o menos vigarista do panorama político, ainda assim puxado para a falsidade, como todos os políticos, devido às preferências do povo. O povo tem realmente obtido aquilo que tem procurado. Se não é o que queria, o que procurou é de certeza.

Em consequência da diferença entre o Portugal de há 30 anos e o de agora, também haverá uma diferença entre as consequências da ajuda do FMI, entre a anterior e a presente. É mais que evidente que não tendo agora Portugal a décima parte dos recursos de subsistência de então, a miséria só poderá ser muito maior e de muito, mas muito mais longa duração. Prepare-se, pois, a população, para mais de uma geração de miséria, de fome, de doenças sem médicos nem meios para tratamentos. Provavelmente, acontecerá como nos EUA: quem precisar de um rim, dum coração ou de qualquer outro órgão, ou o paga ou morre. Quem não tiver saúde não terá direito a viver. Quem não tiver dinheiro não terá direito a comer. Põe-se mais polícias na rua, como quer o Portas, para espancar os pobres que vão ser obrigados a roubar. Aumenta a miséria, aumenta o crime, aumenta o cacete.

Obrigado, Cavaco. Os carneiros já lhe agradeceram reconhecidos pela desgraça que lhes preparou, elegendo o seu carrasco. Vai-te algarvio cínico, volta para o Poço de Boliqueime a comer dentro da tua gaveta. Vai-te, pai da fome e da miséria e leva contigo o judeu do interior, que por não ensinar a polícia, ela anda armada em justiceira a matar gente com direito a julgamento e num país onde nem a pena de morte existe. Vai para ao pé do teu vizinho da casa de férias e convida os ladrões da tua quadrilha que têm andado por aí a roubar os bancos, pela Galp e outros antros de podridão e de meios de extorquir o dinheiro ao povo.

A crise nacional é nacional e tem uma origem conhecida. O fundo europeu de coesão, destinado a organizar e modernizar o país para o futuro (hoje), foi desbaratado, roubado e distribuído pela corja dos governos do Cavaco, pelos seus acólitos, famílias e amigos de corrupção, com o seu assentimento, sob a sua responsabilidade, deixando o país como se sabe. Os governos que se lhe sucederam nada fizeram para o evita, donde não podem estar isentos de culpa. A crise mundial apenas veio dar o golpe de misericórdia.

Quem se lembrar sabe que foi desta forma que se passou e não como as guerras das máfias de ladrões pelo poder apregoam, para sacar os votos aos pobres abortos. Os partidos políticos aproveitam a crise para se inculparem mutuamente, por ganância egoísta e em desrespeito dos interesses nacionais, em lugar de analisarem a situação e apresentarem soluções válidas.

Entretanto, a população europeia começa a dar-se conta das causas da crise mundial de que está a ser alvo. Os carneiros pacóvios portugueses ainda não se deram de nada, mas o Blog do Leão Pelado publicou um explicação de acordo com o que se passa há já cerca de duas semanas. A este propósito, vejam-se estas informações importantes:

Nasce em Bruxelas um grupo de pressão contra o lobby bancário


Islandeses rejeitam pagar dívida [dos seus bancos] ao Reino Unido e Holanda


Os Fazedores de Crises Financeiras


Colapso Económico, Fome e Miséria Programados e Iminentes
Longo de quase 14min, mas informativo e muito esclarecedor


Coelho, desesperado, trai e convida Fernando Nobre para o partido



Este e outros artigos também nos blogs do autor (1 e 2).

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