sábado, 29 de novembro de 2008

CONTRA A FOSSA NÃO HÁ ARGUMENTOS



Ao que parece, e segundo dados oficiais do Eurostat, Portugal tem neste momento a 5ª taxa de desemprego mais alta de toda a Europa Comunitária, atingindo já os 7,8%, sendo que a tendência será a de continuar a crescer até pelo menos atingir os 8,8% em 2010. Pelo andar da carruagem não haverá 150.000 empregos que nos salvem tão depressa, nem mesmo trabalho precário que consiga o milagre de impedir a linha ascendente de continuar a sua trajectória.

Quanto aos indicadores de confiança dos consumidores portugueses estão a pique e a atingir mínimos históricos, com a actividade económica e o consumo privado a piorar e o atífice das Finanças Teixeira dos Santos a anunciar uma revisão em baixa do crescimento da economia portuguesa em 2008, de 2,2% para 1,5%. Aliás, revisões em baixa são coisa a que este governo já nos habituou, um pouco como a tradição de regatear preços nos países árabes, mas aqui aplicada aos indicadores económicos.

Para os mais influenciáveis por estratégias natalícias convém referir que o total das dívidas contraídas pelas famílias portuguesas representa em média dois anos de salários, a taxa de poupança continua a descer, enquanto o rácio de incumprimento do crédito a particulares sobe, atingindo o valor mais elevado da última década.

É claro que a crise internacional terá certamente o seu impacto na economia nacional, isto apesar dos fazedores de marketing governamental o negarem e o próprio artífice-mor afirmar que “a nossa economia resiste e continuará a resisitir”, no entanto, é inegável que a “obra” é na sua grande parte da autoria da confraria governativa em exercício, bem como das antecedentes.

Para 2009 as previsões apontam para a continuidade da degradação económica e social, que afectará sobretudo as famílias mais carenciadas e os agregados mais jovens, como não podia deixar de ser. A consequência lógica será a do alargamento da fossa (fosso já era…) que separa os mais ricos dos mais pobres e que eu, como marreta que sou, tenho curiosidade em constatar quanto tempo demorará para atingir o tamanho da congénere fossa das Marianas.

E sendo assim, que seja o mais rápido possível de forma a que não tarde o inevitável “terramoto” que faça desabar as estruturas podres desta sociedade caduca.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Quem? O quê? Como? Para quê?

Nau sem bússola, nem leme, nem timoneiro. Como pode chegar a bom porto? Como pode ser eficiente? O texto que se transcreve refere uma situação incrível. Não é desejável que existam outras situações semelhantes. E isto acontece, apesar da existência de centenas de assessores nos gabinetes ministeriais e de os deputados serem mais do que muitos e terem colaboradores altamente remunerados.

Não é despiciendo afirmar que isto se passa num sector fundamental para a vida dos cidadãos, para a sua sensação de segurança. E a Justiça bem merece mais atenção para reduzir e evitar a descrença que o povo nela tem

Governo só sabe legislar sob pressão

A nova lei orgânica da Polícia Judiciária foi aprovada em Agosto, mas até ao momento continua por regulamentar. A Associação Sindical dos Investigadores da PJ diz que o Governo só sabe legislar sob pressão, realçando que neste momento a incerteza é grande, porque ninguém sabe que função vai desempenhar no futuro.

O presidente da Associação Sindical dos Investigadores da PJ, Carlos Anjos, realça que a Judiciária está em gestão corrente.

«Só o director nacional é que está nomeado, os outros estão em gestão corrente, os adjuntos caíram, necessitam de nova nomeação, mas não pode acontecer sem a lei orgânica estar regulamentada. Vivemos na incerteza de como vai ser a casa», salienta.

Carlos Anjos lembra também que ninguém sabe se com a regulamentação vai manter as mesmas investigações e que as mudanças podem trazer prejuízos para o apuramento da verdade.

«Estamos a investigar factos hoje sem saber se amanhã vamos estar nas mesmas secções a fazer as mesmas coisas ou outras completamente diferentes», assegura.

A Associação Sindical dos Inspectores da PJ diz que mais vale uma lei mal regulamentada do que a actual situação e conclui que o Governo só sabe legislar quando está sob pressão.

No sentido de perceber quando é que o Governo vai aprovar a regulamentação da lei orgânica da Polícia Judiciária, a TSF procura agora um contacto com o Ministério da Justiça.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O NEO-LIBERALISMO OU A BURGUESIA DECADENTE

Há uma ideia comum embora falsa de que votar a cada quatro anos para eleger uns quantos tipos pertences de uma máquina burocrática altamente centralizada significa que o povo comum controla o estado. Será mesmo assim? Obviamente que não.
O voto é uma importante vitória arrancada dos poderosos. Mas ele é apenas um pequeno passo a caminho do socialismo libertário. Todas as formas de hierarquia, até mesmo aquelas em que aqueles que estão no topo são eleitos, são marcadas pelo autoritarismo e pelo centralismo. Em todo o sistema hierárquico, o poder está concentrado no topo de uma elite de forma que a sociedade torna-se impotente para se impor ou libertar. E tudo isso, para uma vez eleitos, possam fazer tudo ao seu belo prazer. Em todas as burocracias políticas, muitas decisões importantes são tomadas por pessoas não eleitas, ou seja pelos lobys de pressão. No estado burguês acontece com frequência a passagem de fulanos da política para empresas e vice-versa o que demonstra a promiscuidade entre estas duas “castas”, poder político e poder económico.
A natureza da centralização é colocar o poder nas mãos de uns poucos privilegiados e incompetentes. A democracia representativa baseia-se nesta delegação de poder, com eleitores elegendo outros para governá-los. Além de não ajudar isto pode criar uma situação em que a liberdade é colocada em risco.
Bakunin dizia: “o sufrágio universal não previne a formação de um corpo de políticos, privilegiados, os quais, dedicando-se exclusivamente à administração dos negócios públicos da nação, acabe tornando-se uma espécie de aristocracia ou oligarquia política”
O centralismo torna a democracia sem sentido, com a tomada de decisão política sendo determinada por políticos profissionais em capitais distantes, sem autonomia local, as pessoas ficam isoladas umas das outras (atomizadas) sem qualquer forum político onde possam discutir em conjunto, debater, e decidir eles mesmos os assuntos que consideram importantes. As eleições não se baseiam em agrupamentos naturais, descentralizados e assim deixam de ser pertinentes. O indivíduo é apenas mais um “eleitor” no meio da massa, um “componente” político e nada mais.
O povo isolado não representa nenhuma ameaça aos poderes instituídos. Este processo de marginalização pode ser visto na história “ocidental”, por exemplo, quando as reuniões nas cidade foram substituídas por corporações eleitas, com os cidadãos sendo colocados no papel passivo de espectadores. Na condição de um eleitor atomizado o mesmo dificilmente terá uma noção ideal de «liberdade», apesar da retórica dos políticos sobre as virtudes de uma «sociedade livre» e de «um mundo livre» como se o acto de votar uma vez a cada quatro pudesse ser classificado como «liberdade» ou até mesmo como «democracia».
Deste modo, o interesse e o poder sociais são retirados aos cidadãos comuns e centralizados nas mãos de uns poucos. A marginalização das pessoas é o mecanismo de controle chave para o estado e para as organizações autoritárias em geral. Considerando a UE, por exemplo, verificamos que o mecanismo de tomada de decisão entre os estados que a compõem, repousa nas mãos de uns quantos funcionários burocráticos, através de grupos de trabalho altamente centralizados e centralizadores. Os encontros das cúpulas, incluem os Primeiros-ministros, que simplesmente endossam as conclusões concordadas pelos Ministros e outros burocratas que na sua maioria nada sabem dos assuntos discutidos. Só depois desse processo intergovernamental, é que os parlamentares e o povo são informados das decisões tomadas.
Assim como as elites sofrem pressões económicas, os governos também enfrentam pressões dentro do próprio estado devido à burocracia que vem com o centralismo. Há uma enorme diferença entre estado e governo.
Como Bakunin mostrou, “a liberdade só pode ser válida quando o controle popular do estado é válido. Pelo contrário, onde tal controle é fictício, esta liberdade das pessoas se torna igualmente uma mera ficção”
Isto significa que o centralismo do estado pode-se tornar uma séria fonte de perigo à liberdade e ao bem-estar da maioria das pessoas subjugadas a ele. Porém, algumas pessoas beneficiam do centralismo estatal, esses que vegetam no poder e que querem “carta branca” para fazer o que bem entendem, ou seja, os dois sectores da elite governante e poderosa, os burocratas e os políticos profissionais, ambos vendidos ao capitalismo.

#ferroadas
Publicado também em O LIBERTÁRIO

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

PELA REVOLUÇÃO POPULAR (3)


Vivemos num mundo de iluminados e arrogantes personagens, onde a palavra humildade, respeito pelo semelhante e boas maneiras, já não têm cabimento. Dos USA’s à Rússia, da China ao Bangladesh, da ilha da Madeira ao Reino Unido, passando pelo rectângulo peninsular, cada vez mais verifico que o meu semelhante, é afinal, um tipo sem escrúpulos, crápula, vigarista e mentiroso, felizmente ainda há gente que não cabe no rol. Os políticos, burgueses disfarçados de democratas, cabem que nem ginjas neste imenso mundo de defeituosos seres humanos, e, onde, o povo mais uma vez se prepara para lhes dar de barato os destinos do país e do mundo.

Sei que o ser humano não é perfeito, ninguém é perfeito, mas que diabo a “classe” política mundial e a portuguesa em particular sempre acompanhados dos inefáveis cães de guarda, são uns autênticos mentecaptos, onde a mediocridade é gritante por vezes a roçar a imbecilidade.

Não chegaria o espaço deste post para enumera-los a todos, mas não é só a “classe” política, os patrões (agora apelidados de empresários!!!!!) são, salvo aqui também raríssimas mas muito raríssimas excepções uma manada de imbecis novo-ricos, os quais têm por único objectivo o enriquecimento precoce e não o desenvolvimento do país, muito menos a tentativa de dignificar quem lhes paga as mordomias, estes são para aqueles uma cambada de analfabetos e ignorantes, uns pulhas que só servem para trabalhar.

O Mundo actual quer económica quer politicamente, é “comandado” por este bando de exploradores muito à imagem dos antigos senhores feudais, os quais eram donos de tudo até da nossa dignidade, os barcos negreiros de antanho andam aí, travestidos de precariedade e desemprego, só faltam as correntes, os aguilhões, a chibata, etc., porque carcereiros e bufos já os há. Os governos (todos os governos) convivem bem com estes tipo de coisas, financiam-nos e fecham os olhos às atrocidades, colaboram com o genocídio generalizado da nossa dignidade, da nossa vida, do nosso carácter.

A humanidade só conseguirá sobreviver, quando; patrões ou mandantes, governos ou estado e/ou outras quaisquer formas de opressão, forem banidas. Quando o Povo chamar a si o seu destino. Quando o Povo se capacitar que NINGÚEM pode governar em seu nome. Quando não forem mais necessários infelizes chico-espertos auto-intitulados defensores da plebe, mas não são mais do que uns infelizes déspotas que a troco de mordomias várias lá se vão entretendo a fazer política para os poderosos ou em seu nome. Acabada esta escumalha, a humanidade entrará numa nova era, surgirá então uma forma tão perfeita de auto-governação que jamais terá lugar o intolerante, o incompetente, o medíocre, o iluminado, o corrupto, o arrogante, o sabe tudo, o bufo, o censor, enfim, toda essa corja de eunucos bem falantes que actualmente por aí fedem.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Milu a grande timoneira



Culto da Personalidade ou Culto à personalidade é uma estratégia de propaganda política comum em regimes autoritários, baseada na exaltação das virtudes - reais e/ou supostas - do governante, bem como da divulgação positivista e inventiva de sua figura. O culto inclui cartazes gigantescos com a imagem do líder, constante bajulação do mesmo por parte de meios de comunicação e perseguição aos dissidentes do mesmo - tudo isso é culto à personalidade. Hitler, Stalin, e Saddam Hussein são apenas alguns exemplos dessa tendência política.

Texto publicado tambem no mariazinha


In wikipedia, imagens "roubadas" a wehavekaosinthegarden

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Mais uma lição do dito «Terceiro Mundo»

Depois de ter aqui publicado o post Lições do dito «Terceiro Mundo» recebi comentários a falar do pior que existe nos países menos desenvolvidos, mas isso não apagou o valor moral dos casos que referi e, depois de, há pouco, ter visto um diálogo na AR sobre a intenção de encobrir algo sobre as nacionalizações que já começaram, quando tanto se fala de transparência democrática, decidi publicar mais este exemplo vindo da Presidente da Câmara da cidade da Praia em Cabo Verde. Que bela lição para o Governo e os autarcas de cá que se escondem à sombra de «estudos» e «pareceres» de amigos para confirmarem algo que precisam de ter muito tapado.

MpD fomenta transparência na gestão municipal

Isaura Gomes pede auditoria externa à sua própria gestão e encarrega adversário de a coordenar.

Pode ser o fim da politiquice de má língua em que certos partidos são useiros e vezeiros. Achincalhada na campanha eleitoral, Zau mandou agora fazer uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que, de uma vez por todas, cessem as atoardas, não esteve com eias medidas – zás!, nomeou um vereador do PAICV para coordenar todo o processo. Zau, zás!

Mindelo, 5 Novembro – O MpD está a pôr em prática, nas autarquias sob sua gestão, uma nova forma de fazer política: começou em plena campanha eleitoral na cidade da Praia, onde Ulisses Correia e Silva prometeu (e cumpriu) lançar uma auditoria à anterior Câmara e auditorias regulares à sua própria gestão. Depois, em Assomada, Francisco Tavares fez o mesmo. E agora, em Mindelo, surpreende com a sua frontalidade.

Acusada duramente e em termos menos próprios por Onésimo Silveira, candidato do PAICV, e por Vanda Évora, candidata tambarina à presidência da Assembleia Municipal, com Gualberto do Rosário a entrar no mesmo coro, Isaura Gomes desafiou-os. Com Zau vitoriosa nas urnas, os adversários meteram a viola no saco, mas a presidente da Câmara de S. Vicente não se esqueceu: quer tudo a limpo. Isaura Gomes pediu uma auditoria externa ao seu primeiro mandato. E para que não restem quaisquer dúvidas, Zau foi mais longe: encarregou um vereador do partido adversário, Albertino Graça, de coordenar todo o processo.

Os autarcas ventoinha assumem assim a luta pela transparência, que se gostaria de ver generalizada a todos os municípios e à própria governação. Este precedente, criado pelo MpD, pode criar embaraços às suas oposições, expostas a verem eventuais atoardas suas varridas por inquirições e “entaladas” se, nos municípios onde têm maioria, o processo das auditorias não for seguido.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Debate RUE

«A crise do sistema capitalista e a maneira dos trabalhadores se defenderem dela»

Sexta-feira, 7 DE NOVEMBRO, às 21 horas

Rua Santo António da Glória, nº 52-B, cave C,

Lisboa

Em PORTUGAL 20 mil milhões de euros para os especuladores

ESTE PLANO DEVE SER RETIRADO!

Em Dezembro de 2007, interpelado na Assembleia da República por Jerónimo de Sousa sobre se o compromisso de Sócrates era com o povo português ou com a UE, Sócrates respondeu: “O meu compromisso é com a Europa!”. Isto apesar do referendo à Constituição Europeia – documento semelhante em 95% ao Tratado de Lisboa – ser uma das suas promessas eleitorais.

No único país cujas leis nacionais obrigam à consulta popular por meio de referendo, o povo da Irlanda disse um “NÃO” peremptório ao Tratado de Lisboa. Desde então os dirigentes da União Europeia têm procurado por todos os meios dar a volta às leis que os próprios criaram para colocarem em causa esta escolha popular.

Agora o “compromisso” claramente assumido pelos governos europeus, em sintonia com os Estados Unidos da América, é com o capital financeiro, com os banqueiros e com as grandes empresas. Quando os trabalhadores vão para o desemprego, não há um cêntimo que seja usado a seu favor, sendo as próprias leis da União Europeia a impedi-lo.

Este mês, 3 mil trabalhadores da Nissan manifestaram-se contra o despedimento de mais de um terço dos assalariados da fábrica de Barcelona:

“O dinheiro deve ser para garantir os nossos empregos e não para salvar os banqueiros”, foram as palavras de ordem mais gritadas.

Entretanto os estudantes ingleses têm se manifestado aos milhares gritando:

“Dinheiro para as Universidades e não para os banqueiros!”.

Em Itália, Berlusconi procede a uma contra-reforma educativa que visa despedir 120 mil professores e cortes na ordem dos 8 mil milhões de euros só para o ensino universitário.

Em Portugal, 72% das famílias têm dificuldade em pagar as suas contas. Entre estas, as famílias de rendimentos mais baixos vêem metade destes serem absorvidos pelos encargos com o seu endividamento. Enquanto isto, o governo de José Sócrates decidiu desbloquear 20 mil milhões de euros para alimentar a especulação financeira.

Em conclusão: os governos da União Europeia, de acordo com os seus tratados e directivas, são unânimes em concordar que os dinheiros públicos devem ser usados para alimentar a especulação capitalista, mas não existe dinheiro para manter e desenvolver o sector produtivo.

Pela nossa parte, organizados na Comissão Nacional pela Ruptura com a União Europeia, consideramos que é preciso renacionalizar a Banca, tal como todos os outros sectores estratégicos da economia nacional (energia, transportes, seguradoras,…), para pôr em prática um plano de reconstrução nacional. Não são os trabalhadores que têm de suportar as consequências do sistema capitalista falido. Consideramos também que estas medidas não podem ser tomadas sem romper com a União Europeia e as suas instituições, condição para se poder construir uma União de Nações Livres e Soberanas de toda a Europa.

Mas, seja qual for a opinião que se possa ter sobre a necessidade de romper com a União Europeia, é urgente abrir o debate, para podermos clarificar toda esta problemática, para podermos dizer quais as propostas de acção que são necessárias e que fazem a unidade da população trabalhadora com as suas organizações.


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